A produção industrial brasileira cresceu 0,5% em fevereiro, na comparação com janeiro, conforme divulgou nesta quarta-feira (1°) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o setor marcou o segundo avanço mensal consecutivo, mas eliminou apenas uma parte das perdas registradas nos dois últimos meses de 2019.
Na comparação com fevereiro do ano passado, houve queda de 0,4% – o quarto mês de resultado negativo seguido nessa base de comparação.
Já a atividade industrial de janeiro foi revisada de uma alta de 0,9% para avanço de 1,2% ante dezembro.
No ano, a indústria acumula queda de 0,6% frente ao mesmo período de 2019.
O resultado de fevereiro veio melhor do que o esperado pelo mercado. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 0,4% na variação mensal e de 2,5% na base anual.
Setor acumula perda de 1,2% em 12 meses
Apesar do começo de ano positivo, antes das medidas de isolamento e dos impactos da pandemia de coronavírus na economia global, o setor industrial ainda acumula perda de 1,2% em 12 meses, eliminou apenas uma parte do forte recuo registrado nos últimos meses de 2019.
“É o segundo avanço após uma queda importante nos dois últimos meses de 2019. Mas o saldo desse período ainda é negativo, pois os resultados de novembro e dezembro acumulam -2,5%”, destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Segundo o IBGE, o setor ainda se encontra 16,6% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
15 dos 26 ramos industriais têm alta
Dentre os 26 ramos da atividade industrial pesquisados, 15 tiveram alta em fevereiro, com destaque para a produção de veículos (2,7%) e outros produtos químicos (2,6%) e farmoquímicos e farmacêuticos (3,2%).
“Automóveis e caminhões ajudam a explicar esse resultado no começo do ano, depois da perda do ano passado. Houve férias coletivas em novembro e dezembro, e com a volta da produção nos primeiros meses de 2020, é natural que representem impulso de crescimento”, explicou o pesquisador do IBGE.
Queda na produção de petróleo e de eletrônicos e informática
Entre os ramos que tiveram produção reduzidas, o que mais pressionou o índice foi o de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%), em fevereiro. Também impactaram negativamente o resultado geral da indústria no mês os segmentos de equipamento de informática, eletrônicos e ópticos (-5,8%) e outros equipamentos de transporte (-8,7%).
Para André, a queda da produção na informática pode já ter sofrido influência da pandemia, uma vez que insumos, principalmente os produzidos na China, deixaram de ser importados diante dos impactos do coronavírus nas cadeias globais de suprimentos.
Dentre as quatro grandes categorias, 2 apresentaram aumento: bens de capital (1,2%) e bens intermediários (0,5%). Já bens de consumo duráveis e semi e não duráveis tiveram queda de 0,7% e 0,2%, respectivamente.
Impactos do coronavírus e perspectivas
Apesar da melhora do ritmo de recuperação da indústria nos primeiros meses de 2020, economistas avaliam que a economia brasileira corre o risco de voltar a entrar em recessão diante do abalo provocado pelo coronavírus na economia doméstica e global.
Pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta quarta pelo IHS Markit aponta que a indústria registrou contração em março. O PMI da indústria caiu para 48,4 pontos, ante 52,3 no mês anterior, de acordo com dados coletados entre 12 e 24 de março de 2020 e que apontam a queda mais acentuada no desempenho do setor industrial desde fevereiro de 2017.
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que a pandemia do novo coronavírus causou uma queda na demanda por produtos e serviços industriais para 79% das empresas, sendo que 53% delas relatam uma "queda intensa".
De acordo com o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, o mercado financeiro passou a projetar retração de 0,48% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020. Já a previsão dos analistas para a produção industrial no ano é de um crescimento de 0,85%.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos. Já a indústria cresceu 0,5% no ano passado, mantendo o mesmo ritmo registrado em 2018.
G1
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