O dólar opera em alta nesta quarta-feira (1º) , após acumular alta de quase 30% nos primeiros três meses do ano. O clima segue negativo nos mercados externos, contaminados pelos impactos econômicos da pandemia provocada pelo novo coronavírus e o número de mortos subindo em todo o mundo.
Às 10h14, a moeda norte-americana era vendida a R$ 5,2411, em alta de 0,87%. Na máxima até o momento, chegou a R$ 5,2511. Veja mais cotações.
Já a Bovespa opera em forte queda, e perde os 70 mil pontos.
Na terça-feira, o dólar subiu 0,31%, e fechou a R$ 5,1960. Com isso, acumulou alta de 16% no ano.
O Banco Central dá início, nesta quarta, à rolagem dos contratos de swap cambial com vencimento em 4 de maio de 2020, no montante de US$ 4,9 bilhões (98.580 contratos). Com isso, devem ser realizados leilões diários de swap tradicional.
Sem alívio
Para analistas ouvidos pela Reuters, a perspectiva de recessão global e no Brasil mina chances substanciais de um alívio, ainda que de curto prazo, no câmbio.
"A moeda (o real) tende a se fortalecer quando a economia cresce. E dificilmente vamos ver o Brasil crescer neste ano", disse William Castro, estrategista-chefe da Avenue Securities, em Miami.
Uma economia mais vibrante atrai investimentos estrangeiros para o setor produtivo e recursos para portfólio, o que amplia a oferta de dólar e tende a baixar o preço da moeda. Mas o mercado espera que o PIB do Brasil retraia 0,48% em 2020, contra expectativa anterior de crescimento de 1,48%, devido aos efeitos da pandemia.
Para Castro, somam-se a isso questões como a situação fiscal brasileira, o juro baixo (que oferece menor retorno ao investidor que abre mão de investidor em ativos em dólar) e persistentes ruídos políticos locais.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que em seu cenário-base o dólar volta a R$ 4,70 ao fim do ano, considerando acomodação dos problemas globais pelo Covid-19.
"Mas, num cenário alternativo, com as infecções no Brasil aumentando junto com o dano econômico local enquanto o mundo começa a inverter essa curva, então acho que estaríamos falando de dólar a R$ 6", afirmou.
A cotação de R$ 6 implicaria valorização de 15,5% ante o fechamento desta terça. É menos que os mais de 29% de alta que o dólar registrou no primeiro trimestre, que iniciou em torno de R$ 4 e encerrou perto de R$ 5,20.
A pressão cambial forçou o Banco Central a intervir no mercado por meio tanto de venda de dólar à vista quanto por linhas de moeda e swaps cambiais. A posição cambial líquida do BC caiu quase US$ 15 bilhões em março sobre fevereiro (considerando dados do último dia 20), a maior queda mensal desde junho de 2018 (-US$ 37 bilhões).
A posição cambial líquida é composta pelas reservas cambiais menos estoque no mercado de instrumentos de atuação cambial. Ou seja, a queda neste mês dá ideia do maior grau de intervenção da autoridade monetária no câmbio.
"Ainda assim, acho que o BC poderia ter sido mais agressivo em alguns momentos", afirmou Castro, da Avenue Securities, para quem inclusive nesta terça-feira a autarquia poderia ter atuado com mais força.
G1
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