O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em forte queda nesta sexta-feira (6), renovando mínimas que não eram atingidas desde agosto, em mais um dia de estresse nos mercados externos, em meio às preocupações sobre a real eficácia de medidas como cortes de juros para blindar as economias dos impactos do surto de coronavírus.
Às 14h40, o Ibovespa caía 3,89%, a 98.256 pontos. Na mínima até o momento, chegou a 97.216. A última vez que o índice fechou abaixo dos 100 mil pontos foi no dia 8 de outubro, quando encerrou a 99.981 pontos.
No ano, a queda do Ibovespa já passa de 15%.
Entre as principais quedas, as varejistas Via Varejo caía mais de 13%. Petrobras tinha queda de mais de 9% acompanhando o tombo dos preços internacionais do petróleo. Magazine Luiza recuava acima de 6%.
Na véspera, a bolsa brasileira teve queda de 4,65%, encerrando a sessão a 102.233 pontos.
Os investidores estrangeiros retiraram R$ 44,8 bilhões da bolsa brasileira este ano até o dia 4 de março. O valor supera os R$ 44,5 bilhões que saíram em todo o ano passado, e que foram recorde para um ano fechado de toda a série histórica divulgada pela B3, iniciada em 2004.
"À medida que os casos de coronavírus no mundo não param de crescer e colocam em 'xeque' a capacidade das principais economias globais reagirem ao surto, cresce o temor de uma recessão global. Mais empresas anunciaram cortes nas projeções para 2020, e vários bancos americanos já começam a anunciar planos de contingência. Diante disso, o mercado pode estar se lembrando de como a bolsa costuma reagir historicamente a momentos de recessão", escreveu a equipe da corretora Rico.
Preço do petróleo cai mais de 8%
Na Europa e nos EUA, as principais bolsas tinham queda de mais de 2% nesta sexta e o preço do barril de petróleo recuava 8%, após rumores de que a Rússia não apoiaria o chamado da Opep para a redução extra na produção, segundo a Reuters.
Em Nova York, os principais índices recuavam em torno de 2%.
Os rendimentos dos títulos do governo norte-americano registravam nesta sexta novas mínimas históricas, com o aumento da procura dos investidores por ativos considerados mais seguros. O rendimento das notas de referência do Tesouro de 10 anos caiu para uma baixa recorde de 0,7650%.
Nos mercados externos, as ações ligadas a empresas aéreas e do setor de turismo e lazer lideravam as baixas do dias, uma vez que pessoas em todo o mundo têm cancelado viagens não essenciais.
Mais de 98.000 pessoas foram infectadas em mais de 85 países e mais de 3.300 pessoas morreram, segundo contagem da Reuters.
Na véspera, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) informou que o setor de transporte aéreo de passageiros pode sofrer perdas de até US$ 113 bilhões em receita este ano.
Previsão de alta menor do PIB em 2020
Após um início de ano de maior otimismo sobre as perspectivas para a economia brasileira, preocupações em torno dos impactos do coronavírus na economia global e incertezas sobre o ritmo de aprovação de reformas no Congresso têm derrubado as projeções para o PIB do Brasil em 2020.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão de crescimento da economia mundial para 2020, passando a projetar um crescimento de 2,4%, menor expansão desde 2009 e ante expectativa anterior de 2,9%.
Para o Brasil, por ora, os economistas avaliam que a economia deve crescer entre 1,5% e 2% neste ano.
O ministro Paulo Guedes reafirmou nesta quinta-feira que o regime é de câmbio flutuante e que o modelo econômico mudou, pois os juros são baixos. Afirmou também que acredita que não há fuga de capital e reiterou que o impacto do coronavírus no Brasil deve ser limitado, pois o país é uma economia fechada.
G1
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