O petróleo acentuou sua queda nos mercados, nesta sexta-feira (6), com o fracasso das negociações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) com a Rússia para realizar cortes profundos na produção.
Por volta das 15h20, o barril de Brent (principal referência internacional) era negociado em queda de 7,48%, a US$ 46,25 em Londres. Em Nova York, o barril WTI recuava 8,08%, a US$ 42,19, segundo dados da Bloomberg.
O Brent perdeu cerca de um terço do seu valor este ano, aumentando a pressão em países dependentes de petróleo e colocando muitas empresas de xisto e outras companhias de energia dos EUA em sérias dificuldades.
Segundo a Reuters, a lua de mel entre a Opep e a Rússia, que já durava três anos, entrou em colapso nesta sexta-feira, depois de Moscou se recusar a reduzir a produção para lidar com a epidemia de coronavírus. Como resposta, a Opep removeu todos os seus próprios limites de bombeamento.
"A partir de 1º de abril, tanto membros quanto não membros da Opep não terão restrições", disse a jornalistas o ministro de Energia da Rússia, Alexander Novak, após uma maratona de negociações na sede da Opep, em Viena, nesta sexta-feira.
Já o ministro de Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, questionado sobre se o reino possui planos para aumentar a produção, afirmou a repórteres que "vou deixá-los imaginando".
A não obtenção do acordo pode ter implicações ainda mais abrangentes, considerando que a Arábia Saudita, líder do cartel, e a Rússia vinham utilizando as negociações sobre petróleo para construir uma parceria política mais ampla nos últimos cinco anos, depois de apoiarem lados opostos na guerra da Síria.
"A recusa da Rússia em apoiar os cortes emergenciais de oferta vai, efetiva e fatalmente, prejudicar a capacidade da Opep+ de desempenhar o papel de estabilizador-chave dos preços de petróleo", disse Bob McNally, fundador do Rapidan Energy Group.
"Isso vai romper de forma grave a crescente reaproximação financeira e política entre a Rússia e a Arábia Saudita. Como resultado, teremos maiores volatilidades nos preços do petróleo e na geopolítica", acrescentou McNally.
G1
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