O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, considerou nesta segunda-feira ser "natural" sua indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) após a aposentadoria do ministro Celso de Mello. Decano da Corte, o magistrado será o primeiro a se aposentar durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro, em novembro deste ano, quando completará 75 anos e terá de deixar o cargo.
— Eu não gosto de discutir vaga quando a vaga não existe. É um negócio meio esquisito. Parece que estou aposentando o ministro antes dele se aposentar. Acho que é uma perspectiva que pode ser interessante e natural na minha carreira. Eu venho da magistratura, né? Mas a escolha evidentemente cabe ao presidente da República — declarou Moro, em entrevista ao programa "Pânico", da rádio Jovem Pan.
O ministro de Bolsonaro, no entanto, disse que há alternativas ao seu nome, como o advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge Oliveira.
— Há outros nomes e acho que o presidente só vai fazer essa escolha no momento apropriado. Mas dizer, assim, que eu não gostaria? Claro (que gostaria) — afirmou.
Moro foi questionado sobre o processo de "fritura" ao qual foi submetido na semana passada, quando o presidente Bolsonaro revelou ser possível o desmembramento de seu ministério em dois: o da Justiça, que permaneceria sob o seu comando, e o da Segurança Pública, tal como era no governo do ex-presidente Michel Temer. Cogitado como possível ministro da recriação desta pasta, o ex-deputado Alberto Fraga aproveitou a exposição dada pela imprensa para criticar o trabalho feito por Moro.
Para o ex-juiz da Operação Lava-Jato, o episódio está encerrado após o próprio presidente ter colocado panos quentes no assunto, na última sexta-feira. Ao chegar à Índia para uma agenda oficial, Bolsonaro afirmou que "a chance de dividir (o ministério) no momento é zero", mas deixou uma brecha para uma futura divisão ao dizer que "não sei amanhã, na política as coisas mudam". Moro disse que não tem motivo para deixar o governo e rechaçou uma eventual intenção de disputar a presidência em 2022.
— Tem muita gente querendo enfraquecer o governo, me tirando de fora do governo e gerando essas intrigas eleitorais. Não vim aqui para plataforma eleitoral. Primeiro a gente tem que discutir o país aqui agora. A gente tem toda uma agenda a ser realizada no mandato do presidente Bolsonaro até 2022. Ele se colocou como candidato à reeleição e eu, como ministro do governo, tenho que apoiá-lo. Não tem outra alternativa.
O Globo
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