O presidente Jair Bolsonaro falou na noite desta quinta-feira (24) sobre a criação do Conselho da Amazônia e as ações previstas para a proteção de terras indígenas, e afirmou que "cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós".
A declaração do presidente foi feita em vídeo na transmissão semanal que faz nas redes sociais. Ele afirmou que pretende fazer com que os povos nativos da Amazônia sejam integrados à sociedade, e que sejam donos das terras indígenas.
"O índio mudou, tá evol... Cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós. Então, vamos fazer com que o índio se integre à sociedade e seja realmente dono da sua terra indígena, isso é o que a gente quer aqui", disse Bolsonaro.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou em uma rede social que entrará na Justiça contra Bolsonaro por crime de racismo.
A ativista Sônia Guajajara, coordenadora da Abip, afirmou que os indígenas exigem respeito. "Bolsonaro mais uma vez rasga a Constituição ao negar nossa existência enquanto seres humanos. É preciso dar um basta a esse perverso!"
Conselho da Amazônia
Bolsonaro deu a declaração enquanto comentava a criação do conselho e da Força Nacional Ambiental, anunciada na terça-feira (21). O vice-presidente Hamilton Mourão será o coordenador do conselho, que deverá organizar ações entre ministérios para "proteção, defesa e desenvolvimento sustentável da Amazônia".
O conselho foi criado após o governo brasileiro, e o próprio Bolsonaro, serem alvos de críticas, inclusive internacionais, pela atuação na área ambiental. A política para o meio ambiente se tornou foco de atritos para Bolsonaro ao longo de seu primeiro ano de mandato.
Polêmicas com povos indígenas
Não é a primeira vez que Bolsonaro se envolve em polêmica com uma declaração sobre os povos indígenas. No ano passado, durante discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente afirmou que o cacique Raoni Metuktire seria usado como "peça de manobra" por governos estrangeiros.
O discurso foi feito diante da crise das queimadas na floresta amazônica, em que Bolsonaro chegou a trocar farpas com o presidente França, Emmanuel Macron, que deixou em aberto a discussão sobre um possível status internacional na Amazônia.
A declaração de Bolsonaro sobre Raoni provocou reação dos povos indígenas. "Bolsonaro nos chamou hoje de animais das cavernas e ainda desrespeitou nosso grande líder, indicado ao Nobel da Paz, o cacique Raoni", afirmou Sonia Guajajara na época.
G1
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