O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar nesta sexta-feira o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional que garante R$ 2 bilhões para o fundo eleitoral neste ano e defendeu que a população não vote em parlamentares que usarem recursos do chamado "fundão". Apesar das críticas, Bolsonaro sinalizou que não vetará o fundo.
— Terei um momento difícil pela frente. A questão dos R$ 2 bilhões do fundão. Lanço a campanha aqui: não vote em parlamentar que recebe fundão — afirmou Bolsonaro, sob aplausos de dezenas de apoiadores, ao participar da inauguração do novo pronto socorro da Santa Casa de Misericórdia de Santos, no litoral sul paulista.
O presidente disse ter gasto R$ 2 milhões em sua campanha presidencial e lembrou que teve direito a oito segundos na televisão para propaganda eleitoral.
— Quem quer muito tempo [de televisão] e muito dinheiro, quer esconder a verdade. Então o parlamentar, o pessoal que já tem mandato, eles têm um momento para se fazer presente junto à população, de maneira que não precise de dinheiro para sua reeleição ou eleição — disse.
Bolsonaro vem sendo criticado pela eventual sanção ao projeto, que garante R$ 2 bilhões para custear despesas eleitorais de candidatos e partidos. Como uma espécie de vacina, o presidente disse que o "fundão" é uma lei e que é "obrigado a cumpri-la".
— Caso não fizesse (estaria) ferindo o artigo 87 da Constituição e a lei do impeachment de 1950. Eu não vou dar esse mole para a oposição — afirmou, durante rápido discurso, de dez minutos.
Desafetos
Ao lado de Bolsonaro estavam políticos que são desafetos do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que não participou do evento. Entre eles estavam o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), o prefeito de São Vicente, Pedro Gouvêa (MDB), e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que coordena a criação do partido "Aliança pelo Brasil" em São Paulo.
Em seu discurso, o presidente fez questão de elogiar Skaf: — Ele tem nos ajudado muito na questão da economia, com bons conselhos, e as informações que ele me passa são um retrato de como andam os nossos empresários aqui no Estado. Uma pessoa que me ajuda a decidir para que a economia caminhe bem — afirmou o presidente.
Bolsonaro disse novamente que "botou um ponto final" na proposta de taxar a energia solar e afirmou que o governo está buscando meios para "quebrar monopólios" para o preço do gás e do combustível "caírem de verdade".
O presidente deixou o evento sem falar com a imprensa, mas desceu do carro para cumprimentar apoiadores que o aguardavam na rua. Bolsonaro voltou para o Forte dos Andradas, no Guarujá, onde está hospedado em um hotel militar desde quinta-feira. A previsão é que retorne a Brasília na terça-feira.
Confusão
Antes do evento começar em Santos, um jovem foi detido por cinco policiais militares depois de protestar contra apoiadores de Bolsonaro.
Com um exemplar da Constituição nas mãos, um rapaz, ainda não identificado, manifestou-se contra um grupo de simpatizantes do presidente, que aguardava a chegada de Bolsonaro na Santa Casa de Misericórdia de Santos. Alguns dos apoiadores do presidente estavam com camisetas e faixas do Aliança pelo Brasil, partido articulado pela família Bolsonaro.
O jovem foi xingado com gritos de "vagabundo", "petista" e "psolista", e apanhou. Policiais militares afastaram o rapaz dos simpatizantes de Bolsonaro no mesmo momento e o detiveram. O jovem foi colocado à força em uma viatura da PM e retirado do local.
Apesar do rigoroso esquema de segurança para controlar o acesso da imprensa ao local, os organizadores do evento liberaram a participação dos simpatizantes de Bolsonaro. Os bolsonaristas gritavam "a nossa bandeira jamais será vermelha" e "mito".
O Globo
Portal Santo André em Foco
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