Na primeira viagem do presidente Jair Bolsonaro ao Nordeste desde que tomou posse, o governo anunciou nesta sexta-feira um acréscimo de R$ 4 bilhões no Fundo Constitucional de Financiamento da região (FNE). A liberação dos recursos foi divulgada após reunião de Bolsonaro com governadores da região em Recife. O presidente também participou da solenidade de entrega de chaves aos moradores do conjunto habitacional Morada Nova, com 472 unidades, em Petrolina.
Na cidade do interior pernambucano, Bolsonaro disse que seu governo deixou de lado “o populismo” e “as promessas vazias”. No entanto, afirmou que “fazer a coisa certa na política não é fácil”:
— Nós chegamos para mudar o destino do nosso Brasil, deixando de lado o populismo, deixando de lado as promessas vazias, sempre ao lado da verdade e de Deus, buscar esse objetivo. Não é fácil. Fazer a coisa certa na política não é fácil, mas nós seguiremos esse nosso objetivo. E tenho certeza que juntos chegaremos lá.
Em um rápido discurso, Bolsonaro afirmou que sabia da responsabilidade que enfrentaria e que acredita na recuperação do país.
— Sabia das dificuldades que o Brasil atravessava: com a crise ética, moral e econômica. Mas sabia do potencial que temos, bem como do outro potencial muito maior, que é o desse povo maravilhoso que não desiste nunca.
Mais cedo, o ministro do Desenvolvimento Regional (MDR), Gustavo Canuto, que acompanhou o presidente na viagem, explicou que o valor estimado do FNE em 2019 subirá de R$ 23,7 bilhões para R$ 27,7 bilhões, sendo R$ 3 bilhões destinados à projetos de infraestrutura e o outro R$ 1 bilhão ao Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado. O ministro disse que a origem dos recursos é o retorno de investimentos, já que o FNE faz financiamentos:
— O Banco do Nordeste fez uma revisão das estimativas e esse valor está voltando dos financiamentos que foram feitos. Ou seja, menor inadimplência, pagamento em dia, trouxe uma estimativa maior para os investimentos.
O FNE é um dos três fundos constitucionais criados para implementar a política de desenvolvimento regional — os outros são do Centro-Oeste (FCO) e do Norte (FNO). Os recursos são voltados a atividades de pequeno e médio porte, mas também atendem a grandes investidores.
Bolsonaro chegou cedo em Recife. Quando o helicóptero da comitiva pousou no Instituto Ricardo Brennand, havia a um quilômetro do espaço cultural dezenas de apoiadores e também manifestantes contrários a Bolsonaro. Nenhum deles viu o presidente.
Ele permaneceu cerca de quatro horas na capital pernambucana, onde se reuniu com os noves governadores do Nordeste e o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), para aprovar o Plano de Desenvolvimento do Nordeste. Ao ser questionado sobre sua resposta à rejeição que tem na região, Bolsonaro demonstrou impaciência e irritação:
— Ô, ô, ô, vamos fazer uma pergunta inteligente, por favor? Vamos fazer uma pergunta inteligente.
No meio da tarde, Bolsonaro mudou o semblante. Em Petrolina, a mais de 700 quilômetros da capital, ele foi recebido por apoiadores. O vídeo com as imagens da acolhida logo foi postado em seus perfis oficiais na internet.
Segurança pública
A tentativa de aproximação do presidente com lideranças políticas e eleitores do Nordeste, região que mais votou no seu opositor Fernando Haddad (PT) nas eleições de 2018, tem a segurança pública como um denominador comum. Entre os assuntos conversados ontem, estava o combate à violência nos estados, que veem o governo federal como aliado.
Apesar de uma queda nos índices de criminalidade de vários estados neste ano, de acordo com as estatísticas oficiais do Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública), especialistas alertam que a situação é instável e a percepção de insegurança ainda é alta. O número de novas armas registradas na Polícia Federal em 2018 foi até 235% maior do que há cinco anos, de acordo com levantamento do Instituto Sou da Paz, com base em dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.
O Globo
Portal Santo André em Foco
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