O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (28), no Vietnã, que a América Latina e o Sudeste Asiático devem trabalhar para "evitar uma nova divisão" do planeta em "zonas de influência".
Lula fez a declaração ao lado do presidente do Vietnã, Luong Cuong. O líder brasileiro cumpre agenda em Hanói após concluir sua viagem ao Japão, onde teve encontros com o imperador Naruhito, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba e empresários.
O roteiro pela Ásia foi planejado para ampliar parcerias de negócios e reduzir a dependência de China e Estados Unidos, primeiro e segundo parceiros comerciais do Brasil. Os dois países travam atualmente uma guerra tarifária e de relevância geopolítica global.
A disputa entre China e Estados Unidos, exacerbada com as medidas adotadas por Donald Trump, e a guerra entre Rússia e Ucrânia aumentaram o receio de especialistas do risco da divisão global em novas zonas de influência.
Em seu discurso no Vietnã, Lula relembrou a Guerra Fria (1947-1991), período no qual Estados Unidos e União Soviética foram as duas superpotências que influenciaram países ao seu redor e em outras regiões do planeta.
"Como expoentes da construção de uma ordem multipolar, a América Latina e o Sudeste Asiático devem evitar uma nova divisão do globo em zonas de influência. Ainda que de forma distintas, Vietnã e Brasil sofreram os efeitos da guerra fria e sabem que o melhor caminho é o do não-alinhamento", disse Lula.
Dividido no século passado entre Vietnã do Norte e do Sul, o país asiático foi palco da Guerra do Vietnã, na qual os Estados Unidos enviaram tropas para apoiar os sulistas contra os nortistas alinhados aos soviéticos.
O conflito foi encerrado em 1975, com a vitória dos comunistas e a unificação do país.
Já os Estados Unidos apoiaram o golpe militar de 1964 no Brasil e as ditaduras de outros países da América Latina para assegurar sua influência na região.
Mercosul
Lula mantém a postura tradicional da diplomacia brasileira de apostar no multilateralismo, um mundo sem a influência exagerada e o alinhamento automático às superpotências.
O presidente defende a integração entre países e entende que o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia) pode fazer isso por meio de acordos comerciais, a exemplo do negociado com a União Europeia.
Lula afirmou que, no segundo semestre ao assumir o comando rotativo do bloco, pretende negociar um acordo do Mercosul com o Vietnã, declaração similar à feita no Japão.
"A presidência brasileira do Mercosul, que se iniciará em julho, vai trabalhar em prol de um acordo com o Vietnã que seja equilibrado e beneficie os dois lados", afirmou.
Parceria estratégica
Lula citou que o fluxo de comércio entre Brasil e Vietnã, duas nações de economias emergentes, se aproxima de US$ 8 bilhões e destacou a decisão de dar o status de parceria estratégia à relação com o país asiático.
O brasileiro afirmou que tem interesse em reconhecer o Vietnã como uma economia de mercado e pretende ampliar a venda de alimentos para o país, sobretudo de carne bovina. O presidente também incentivou a compra pela Vietnam Airlines de jatos da Embraer.
Lula ainda reforçou o apelo para que a Conferência do Clima da ONU avance nas ações para preservação ambiental e combate às mudanças climáticas. A próxima edição da COP será realizada em novembro em Belém.
"No Brasil, utilizamos a palavra mutirão para nos referir a uma grande mobilização em torno de um objetivo comum. É com esse espírito que queremos chegar a Belém", disse.
"Para cumprirmos o Acordo de Paris, todos os países deverão adotar o mais alto grau de ambição possível dentro de suas circunstâncias de desenvolvimento", acrescentou.
g1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.