O governo de Luiz Inácio Lula da Silva aguarda a eventual taxação dos Estados Unidos em 25% sobre as importações de aço e de alumínio. O presidente americano, Donald Trump, informou que os detalhes serão divulgados nesta segunda-feira (10). Caso a taxação seja confirmada, Lula afirmou que o Brasil vai taxar os EUA de volta, seguindo o conceito da reciprocidade.
Questionado se o governo brasileiro vai taxar as big techs como resposta aos EUA, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a União vai se manifestar após a efetiva implementação das medidas. “O governo tomou uma decisão de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas, e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. O governo vai aguardar a decisão oficial antes de qualquer manifestação. Vamos aguardar a orientação do presidente da República após as medidas efetivamente implementadas”, disse.
No último domingo (9), Trump indicou que detalharia nesta segunda-feira (10) a tarifa de 25% que será aplicada a todas as importações. Durante conversa com jornalistas no avião, o presidente americano explicou que os Estados Unidos vão cobrar o mesmo nível de taxas impostas pelos parceiros comerciais. “Não vai afetar todos os países, porque há alguns com os quais temos tarifas similares, mas aqueles que estão tirando vantagem dos EUA, teremos reciprocidade”, disse.
O chefe da Casa Branca disse também que o Canadá não seria um país se não fosse pelo comércio com os Estados Unidos. Para ele, os canadenses pagariam metade dos impostos pagos hoje se aceitassem que o Canadá se torne 51º estado americano. A ideia de Trump é taxar as nações que, segundo ele, “tiram vantagem” dos EUA.
Questionado sobre eventual taxação dos EUA ao Brasil, Lula afirmou que vai taxar de volta. “É muito simples. Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos dos brasileiros. Taxar os produtos que são exportados para os EUA, não tem nenhuma dificuldade”, disse o brasileiro em 31 de janeiro deste ano.
Nesse sentido, o governo aguarda o anúncio oficial da taxação de 25% sobre aço e alumínio para tomar alguma medida. Chefiado pelo ministro Mauro Vieira, o Itamaraty tem atuação mais pragmática e cautelosa. Sendo assim, o Executivo vai se pronunciar após a efetivação do novo imposto. O brasileiro e o americano ainda não se falaram diretamente.
De acordo com Lula, o fato se deve à ausência de negociações. O chefe do Executivo brasileiro também reforçou que posições de Trump devem respeitar a autonomia de outros países - com destaque à condução de outros presidentes. “Ele foi eleito para governar os Estados Unidos da América do Norte, e os outros presidentes foram eleitos para governar os seus países. É isso, civilidade”, destacou.
A ameaça de Trump não é novidade para a comunidade internacional. No primeiro mandato, ele aplicou tarifa de 25% sobre aço e 10% sobre alumínio. Depois, concedeu isenções tarifárias para diversos países, incluindo Brasil e Canadá. Diante da queda da capacidade das indústrias siderúrgicas dos EUA, Joe Biden estendeu o benefício para outros continentes.
O que diz os especialistas?
Para especialistas consultados pelo R7, não há indícios concretos de que o Brasil esteja no alvo da taxação, pois os EUA são superavitários na balança comercial. Ou seja, eles vendem mais produtos para o Brasil do que compram. Ainda existe incerteza em relação aos próximos passos do presidente norte-americano, e o Brasil tem interesse nos desdobramentos desse conflito por ter os Estados Unidos como um dos maiores parceiros no comércio internacional.
Mesmo em um panorama incerto, estudiosos avaliam que o Brasil pode aproveitar o “tarifaço” e se posicionar de forma estratégica no mercado. O advogado e especialista em direito tributário Carlos Crosara projeta que, com a sobretaxação, pode haver um déficit de produtos fornecidos pelo Canadá e México, e o Brasil pode se inserir para suprir o aumento dessa demanda.
“O país poderia exportar produtos semelhantes ou até melhores do que os mexicanos e canadenses, com uma tributação mais baixa. Dessa forma, o Brasil poderia se beneficiar dessa situação, tornando-se uma alternativa competitiva no mercado internacional, pelo menos por enquanto”, disse Crosara.
Para o especialista em empreendedorismo e finanças Gustavo Valente, a guerra comercial deve ser vista como positiva e estratégica para incentivar o desenvolvimento de cadeias produtivas locais e reduzir a dependência em importações. A produção brasileira, por exemplo, de hidrogênio verde tem destaque, mas depende de tecnologia do exterior. O Brasil poderia encarar isso como oportunidade para desenvolver fornecedores locais para o setor, como sugere o especialista.
R7
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