O vice-presidente Geraldo Alckmin declarou nesta sexta-feira (24) que o governo federal “dará todo apoio” aos 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos. O avião com os cidadãos nacionais pousa no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins (MG), ainda nesta sexta. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou medidas anti-imigração nos últimos dias, mas esse voo não tem relação com as novas normas (entenda mais abaixo).
Alckmin também destacou que o fluxo migratório intenso é percebido globalmente e apontou a necessidade de o tema ser discutido oficialmente pelas autoridades. “A questão migratória hoje é uma questão mundial. Um mundo mais rico e desigual tem aumento de questão migratória. O governo dará todo o apoio, [mas] é importante trabalharmos no sentido de estabelecer regras para a questão, que hoje afeta o mundo inteiro”, defendeu.
O vice-presidente ressaltou o papel dos imigrantes no desenvolvimento de uma região e citou o estado de São Paulo como exemplo. “Até o século 18, 19, era um estado pequeno, de menor importância. De repente, passou a ser maior que o tamanho de outros países”, comentou, ao citar os dados econômicos e populacionais de SP.
“O que fez a diferença? A migração. Os migrantes contribuíram enormemente, com sua capacidade empreendedora, de luta, sacrifício e superar dificuldades”, completou.
Deportação
O voo com 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos que chega nesta sexta ao país não tem a ver com as recentes medidas anti-imigração de Trump.
O R7 apurou com o Itamaraty que essa não é a primeira viagem do tipo deste ano — outro avião trouxe brasileiros deportados em 10 de janeiro, ainda no governo do ex-presidente Joe Biden. Brasil e EUA mantêm acordo de deportação desde 2017 (leia mais abaixo).
A aeronave que vai pousar no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins (MG), tem outros passageiros a bordo, mas não há informações sobre quantidades nem nacionalidades.
O avião é norte-americano, e a logística também é de responsabilidade dos Estados Unidos. Em território nacional, os deportados são auxiliados pela Polícia Federal. Procurada, a PF não retornou os questionamentos do R7.
Ainda não é possível saber quando os primeiros brasileiros atingidos pelas medidas anti-imigração de Trump chegam ao Brasil. O Ministério das Relações Exteriores não tem informações de um eventual próximo voo, porque os EUA divulgam as decolagens com poucos dias de antecedência.
Pelo acordo de 2017, brasileiros em situação ilegal podem ser deportados dos EUA e trazidos de volta ao Brasil, desde que esgotadas todas as possibilidades de permanecer em solo norte-americano. Ou seja, o voo que chega nesta sexta-feira (24) já estava previsto — não haveria tempo hábil para eliminar todas as opções disponíveis, já que Trump assumiu na última segunda (20).
Os voos desse tipo ocorrem com certa frequência — outras aeronaves norte-americanas pousaram com brasileiros deportados em novembro e dezembro de 2024.
Medidas de Trump
O novo presidente dos EUA declarou, horas após tomar posse, que a América do Sul “precisa” dos Estados Unidos. “A relação é excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles, eles precisam de nós. Todos precisam de nós”, afirmou.
Na quarta-feira (22), Trump assinou uma ordem executiva que suspende a entrada de imigrantes ilegais pela fronteira sul, limite dos Estados Unidos com o México — uma promessa de campanha do republicano. Em nota divulgada pela Casa Branca, Trump justifica o ato como forma de “proteger” os EUA e a população norte-americana de “invasões”.
O presidente também restringiu o acesso a termos legais de imigração que permitiriam a permanência de imigrantes ilegais nos EUA, como a concessão de asilo.
O documento de quarta-feira autoriza quaisquer ações necessárias para imediatamente “repelir, repatriar e remover” imigrantes ilegais da fronteira sul. As medidas relacionadas aos imigrantes têm sido priorizadas por Trump logo no início do governo, como prometido por ele.
Nas primeiras horas da nova gestão, o republicano também pôs fim à cidadania por nascimento, política em vigor atualmente que garante que bebês nascidos no país sejam cidadãos norte-americanos automaticamente. Na prática, o texto — que não é retroativo — encerraria a concessão do documento a filhos de imigrantes que nascem em solo norte-americano. No entanto, a norma foi bloqueada nessa quinta-feira (23) pela Justiça dos EUA.
R7
Portal Santo André em Foco
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