Uma reformulação do papel do Governo Federal na segurança pública, um ajuste para garantir que os tributos sejam cobrados de forma proporcional e mais justa entre os mais ricos e os mais pobres, o reforço ao compromisso de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a relevância estratégica de programas como Combustível do Futuro e Acredita. Esses foram alguns dos temas abordados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista nesta sexta (11/10), à rádio O Povo, de Fortaleza (CE). O presidente está na capital cearense para acompanhar a entrega de unidades do Minha Casa, Minha Vida e de ônibus do programa Caminho da Escola.
“Não é um compromisso de campanha. É um compromisso de justiça. Você não pode fazer com que as pessoas que ganhem R$ 5 mil paguem Imposto de Renda, enquanto os caras que têm ações da Petrobras recebem R$ 45 bilhões de dividendos sem pagar. Você não pode cobrar 27% ou 15% de um trabalhador que ganha R$ 4 mil e deixar os caras que recebem herança não pagar. O que queremos é isentar as pessoas que ganham até R$ 5 mil e no futuro isentar mais”, disse.
O povo trabalhador, proporcionalmente, paga mais imposto do que o rico. Então, o que queremos é isentar as pessoas que ganham até R$ 5 mil e no futuro isentar mais. Na minha cabeça, salário não é renda. Renda é o cara que vive de especulação. Esse, sim, deveria pagar Imposto de Renda"
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Confira abaixo alguns outros trechos das respostas do presidente:
ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA - O povo trabalhador, proporcionalmente, paga mais imposto do que o rico. Então, o que nós queremos fazer é isentar as pessoas que ganham até R$ 5 mil e no futuro isentar mais. Na minha cabeça, salário não é renda. Renda é o cara que vive de especulação. Esse, sim, deveria pagar Imposto de Renda. Mas o povo trabalhador, o cara se mata de trabalhar, chega no fim do ano e pega a participação no lucro dele, um pouquinho, e vai lá: 27% de Imposto de Renda. E são a maioria. São eles que sustentam esse país, porque o rico paga, proporcionalmente, menos imposto. Esse debate não tem que ser feito escondido. Tem que ser público. As pessoas têm que saber quem paga o quê e quanto se paga. É isso que falta nesse país.
ACREDITA – É o maior programa de financiamento de crédito para o povo brasileiro, que vai desde uma pessoa que recebe o Bolsa Família, vende cachorro-quente na rua, pipoca aqui no centro de Fortaleza, até empreendedores que trabalham com ovos, taxistas. Eu tenho uma tese que é simples. Eu não sou economista, mas tenho a tese que é a seguinte: o dinheiro tem que circular, tem que passar na mão de todo mundo. Se você tem muito dinheiro na mão de poucos, significa pobreza, miséria, mas se você tem pouco dinheiro na mão de muitos, significa distribuição. Então, na medida que todos ganham um pouco, todos consomem um pouco, geram emprego, geram salário, geram desenvolvimento na economia. O que queremos é fazer o dinheiro circular na mão do povo brasileiro para que ele possa comprar as coisas, e por isso esse Acredita é um programa excepcionalmente importante.
HABITAÇÃO – Nós estamos criando um mercado secundário para a habitação. A gente vai financiar a casa para você que ganha mais que R$ 3 mil, mais que R$ 4 mil, ou seja, para as pessoas que ganham R$ 8, 9, 10 mil, nós vamos financiar a casa também. Tem gente que ganha R$ 10 mil e quer comprar uma casa e não quer uma de 47 metros quadrados, quer uma casa de 200 metros quadrados, 150. Nós vamos ter que financiar essa gente. E é por isso que a gente aprovou esse programa (Acredita).
CRÉDITO CONSIGNADO – O que a gente quer é fazer com que os trabalhadores da iniciativa privada tenham direito a crédito consignado. Quando criamos a lei, no começo do mandato, era para isso, mas as empresas não quiseram. E agora a gente quer fazer, sem problemas, e acho que os trabalhadores vão concordar que se eles tiverem o crédito consignado não precisam comprometer o Fundo de Garantia. É importante que a gente não tenha pressa para não fazer uma coisa errada. Quando a gente manda um processo, tem que mandar uma coisa plausível. Faço questão de conversar com a liderança do Congresso Nacional, porque se a gente não conversar a gente manda um projeto, chega lá e ele é tripudiado.
SEGURANÇA PÚBLICA – O ministro Lewandowski (Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública) está propondo uma emenda constitucional para redefinir o papel do Governo Federal na intervenção da segurança pública. Porque (hoje) o governo não pode se meter na segurança pública, porque é da responsabilidade dos estados. Muitas vezes os estados se queixam, mas na hora que você tenta interferir, eles não querem. A Polícia Federal, para entrar num crime, esse crime tem que ser federal. É importante fazer uma proposta e quero convidar os 27 governadores para a gente pactuar como a gente pode trabalhar na segurança pública, sabendo que a responsabilidade é do estado, mas que o Governo Federal tem que ter uma participação importante.
COMBATE AO CRIME ORGANIZADO - Só para você ter ideia, no governo passado foram legalizados cinco mil CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) por pessoas que estavam condenadas na justiça. Quando se liberou a quantidade de armas que se liberou, quem comprou? O crime organizado. Não é um trabalhador que compra três, quatro, cinco, seis armas, 15 fuzis, metralhadora, revólver, pistola. E temos que levar em conta que o crime organizado hoje não é uma coisinha pequena do PCC, do Comando Vermelho. É uma empresa multinacional. Eles estão envolvidos em tudo quanto é área. Os estados estão compreendendo que é preciso pactuar uma nova política de segurança pública, com a participação do Governo Federal.
COMBUSTÍVEL DO FUTURO – Essa semana nós lançamos o Combustível do Futuro. É um evento extraordinário que vai trazer muito dinheiro para o nosso país. Muito dinheiro porque o Brasil é imbatível em assuntos de energia renovável.
Agência Gov
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