Novembro 22, 2024

Lula vai conversar com ministra Anielle Franco antes de selar destino de Silvio Almeida no governo Featured

Interlocutores de Lula afirmaram ao blog nesta sexta-feira (6) que o presidente da República chamou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para confirmar a denúncia de que houve assédio ou importunação sexual por parte do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

As denúncias contra Silvio Almeida foram publicadas em reportagem do Metrópoles. Segundo a publicação, uma das vítimas foi a ministra Anielle Franco. A ONG Me Too Brasil confirmou ter recebido as denúncias e informou que as vítimas pediram anonimato. Anielle não chegou a se pronunciar sobre o caso.

“Se ela confirmar, a situação dele no governo é insustentável”, diz um desses interlocutores de Lula.

Além de Anielle, Lula também quer ouvir Silvio Almeida, confirmou um aliado. O governo busca mais informações das outras denúncias relatadas na reportagem.

Mesmo sem a confirmação oficial, aliados de Lula afirmam que a situação do ministro é grave dentro do governo porque arrasta o desgaste para o colo do presidente Lula. Eles acreditam que o ideal seria Almeida se afastar até provar sua inocência. O ministro negou ter cometido assédio e publicou um vídeo em que diz que denúncias buscam atingir suas causas (veja abaixo).

Há uma preocupação por parte do Planalto de que o ministro “não saia passivamente” e “saia atirando”, nas palavras de um colega da Esplanada.

Um fato que reforça de que lado o governo está é a foto publicada pelo perfil da primeira-dama, Janja, beijando Anielle na testa.

Dois ministros ouvidos pelo blog afirmam que as histórias eram conhecidas nos bastidores desde o ano passado, mas que não houve denuncia na Controladoria-Geral da União (CGU), por exemplo. E que a denúncia teria de ser por importunação sexual, pois não há relação de hierarquia entre os dois ministros.

Dentro do governo, para além da investigação do caso, o governo vê como uma tragédia o episódio pelo simbolismo que carrega, envolvendo a figura de Silvio Almeida. E já espera a exploração do episódio pela oposição.

PF quer ouvir envolvidos
A Polícia Federal vai chamar para depor todos os citados na reportagem do Metrópoles sobre a existência de denúncias de assédio.

Entre os que devem ser ouvidos, estão o ministro Silvio Almeida, como denunciado, e a ministra Anielle Franco, na condição de possível vítima.

O blog apurou que, quando os primeiros boatos correram Brasília, foi levantada por assessores de Lula uma costura para que Silvio Almeida pedisse para sair e preservasse o governo.

A entrada da PF no caso foi confirmada nesta sexta-feira (6), pelo próprio diretor-geral da corporação, Andrei Passos Rodrigues, ao jornalista Nilson Klava, da Globonews.

"[Vamos iniciar a investigação] por iniciativa própria, ainda não recebemos representação", disse Passos ao Em Ponto.

Ministro nega acusações
O ministro Silvio Almeida publicou uma nota dizendo que repudia as denúncias e que nega os assédios.

"Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país", afirmou Sílvio Almeida.

Pouco depois de divulgar a nota, o ministro divulgou um vídeo em que repete os termos da nota e reforça que não cometeu assédio. Ele também ressaltou, no vídeo, que as denúncias visam atingir as causas que ele representa (veja abaixo).

Comissão de Ética da Presidência vai investigar
Em nota, o Palácio do Planalto informou que a Comissão de Ética da Presidência da República decidiu abrir de ofício um procedimento de apuração sobre o caso.

Segundo o comunicado, o ministro foi chamado na noite desta quinta para "prestar esclarecimentos ao controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, por conta das denúncias publicadas pela imprensa contra ele".

"O Governo Federal reconhece a gravidade das denúncias. O caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem", afirmou o Planalto.

Silvio Almeida assumiu o Ministério dos Direitos Humanos em janeiro de 2023, no início do governo. Formado em Filosofia e Direito, doutor e pós-doutor pela Universidade de São Paulo, é uma das referências no país em questões raciais.

g1
Portal Santo André em Foco

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