Novembro 24, 2024

Bolsonaro diz que Forças Armadas estão preparadas para manifestações como as do Chile Featured

O presidente Jair Bolsonaro informou, na manhã desta quarta-feira em Tóquio, no Japão, que conversou com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, para as Forças Armadas estarem preparadas para o caso de manifestações nas ruas no Brasil, como ocorre atualmente no Chile. Indagado sobre previsão de certos analistas de que o próximo país a sofrer turbulências nas ruas pode ser o Brasil, o presidente respondeu:

— Nos preparamos. Conversei com o ministro de Defesa sobre a possibilidade de ter movimentos como tivemos no passado, parecidos com o que está acontecendo no Chile, e logicamente essa conversa, ele leva a seus comandantes, e a gente se prepara para usar o artigo 142 (sobre as Forças Armadas), que é pela manutenção da lei e da ordem, caso eles venham a ser convocados por um dos três poderes —disse o presidente, ao conversar com alguns jornalistas depois do café da manhã.

Jair Bolsonaro disse que não se pode ser surpreendido.

— Apesar de as Forças Armadas estarem o tempo todo preparadas nas suas atividades constitucionais, essa também não deixa de ser. Logicamente, tem que ser potencializada no momento em que se encontra a America do Sul.

Para o presidente, o que acontece atualmente na América do Sul são movimentos de esquerda para tentar conquistar o poder.

— Não podemos ser surpreendidos, temos que ter a capacidade de nos antecipar a problemas — disse, acrescentando: — A intenção deles é atacar os EUA e se auto ajudarem para que seus partidos à esquerda tenha ascensão. Dinheiro nosso brasileiro, do BNDES, irrigou essa forma de fazer política.

Lei antiterrorismo mais dura

O presidente Jair Bolsonaro disse que “se a pena for dura” vai inibir ações violentas, como as que acontecem no Chile, ao ser indagado sobre reforma da lei antiterrorismo no país. O presidente ressaltou que o Brasil não está livre de ter problemas semelhante ao do país andino e defendeu mudança no texto.

— No passado botaram uma virgula na definição de atos terroristas, exceto movimentos sociais. Isso não pode acontecer — disse o presidente na saída do encontro com representantes da comunidade brasileira no Japão.

Bolsonbaro usou também o caso do Ceará como exemplo e contou que, há poucas semanas, conversou com o governador Camilo Santana (PT) sobre o onda de violência no estado nordestino.

— Conversei com Camilo, que está na segunda crise de violência em seu estado (Ceará), e chegamos á conclusão de que, se lá no passado, aqueles que tocaram fogo em viaturas, depredando patrimônio, fossem enquadrados numa lei de terrorismo, estariam presos. E quase todos que participaram daqueles atos no passado foram postos em liberdade, e alguns ainda estão presos, fazem parte desses grupos que anteriormente praticaram esses atos. Então, é preciso colocá-los na cadeia — disse.

Pouco antes, em discurso diante da comunidade brasileira, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, acusou movimentos de esquerda de conturbarem países na América Latina para tentarem voltar ao poder.

— Na América do Sul estamos vivendo um momento difícil em que a esquerda radical, desesperada com a perda de poder, vai jogar todas as suas fichas na mesa para conturbar a vida dos países sul-americanos e tentar retornar ao poder de qualquer maneira e nos jogar no abismo que nós paramos na porta — afirmou o general.

No dia anterior, o presidente afirmara que um país tranquilo na região era a Argentina, pela tendência de vitória do ''pessoal da Cristina''. Hoje, ele voltou a manifestar preocupação com essa possibilidade.

— Esperamos que a Argentina escolha um presidente que esteja afinado conosco, como estava, em especial no livre comércio, em defesa da democracia, e não interferência em outros países. E acrescentou: — É isso que estamos preocupados (com a situação) em quase todos os países da América do Sul. 'O ultimo país em ebulição é o Chile, e o senador Humberto Costa, apesar da estatura dele, um senador anão, não deixa de estimular as massas para o confronto'.

Em resposta a Bolsonaro, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou ao GLOBO que não teve intenção de incitar nenhum tipo de revolta semelhente ao que ocorre no Chile, mas que acredita que o governo atual não chegará ao fim do mandato por conta dos erros que vem sendo cometidos.

— Anão pode ser ele. Pode até na estatura ser alto, mas quem é dono de uma pequenez política, de uma visão pequena de Brasil e de mundo é ele. E quando eu me referi ali a dizer que os dias do governo dele estavam contados, não é porque nós estamos propondo nenhum tipo de revolta como aquela. É porque eu acredito que esse governo não termina. O governo já cometeu vários crimes de responsabilidade, já há vários pedidos de impeachment, foi esse o sentido que eu quis dar. Eu acho que no Brasil as coisas vão mudar com eleição. Aqui nós estamos mais para o que está acontecendo na Argentina do que qualquer outra coisa. Agora, eu não tenho certeza se ele termina o governo — afirmou Costa.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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