O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou uma indireta, nesta sexta-feira (16), ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e afirmou que o governo federal quer e vai participar da reconstrução do estado, devastado por enchentes e chuvas, com “muito carinho, amor e respeito ao povo”. Mais cedo, as autoridades trocaram críticas durante agenda, realizada na capital Porto Alegre.
“Fiquei sabendo que aproximadamente 3.000 pessoas que trabalham aqui tiveram problemas com o desastre climático que aconteceu nesse estado. Eu quero que vocês saibam que se vocês tiveram prejuízos, esses prejuízos serão reparados. Nós queremos participar da reconstrução desse estado com muito carinho, com muito amor e com muito respeito ao povo do Rio Grande do Sul. Pode ter certeza disso”, disse Lula.
As declarações foram dadas por Lula durante agenda do governo federal em Porto Alegre (RS). Na ocasião, foi inaugurado o Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição. A obra recebeu R$ 144 milhões em investimentos da União. A medida possibilita a realização de radioterapia no local, sem precisar transferir pacientes para outros serviços.
“O novo local possibilita a expansão da área de atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que necessitam de transplante de medula óssea”, informa o governo. No evento, Lula deu autorização para a abertura de processo de contratação de duas obras, previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), sendo centro de apoio ao diagnóstico e terapia e centro de atendimento ao paciente crítico e cirúrgico.
Na agenda, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, falou que, às vezes, tem de ser submetido a vaias, o que faz parte da vida pública e política. “Faz justificar, para todos nós, a nossa dedicação à vida pública. Tenho certeza que para o presidente, para sua equipe, para a ministra Nísia [Trindade, da Saúde], para mim. Mesmo que, às vezes, tendo que ser submetido a algumas vaias aqui e ali. Faz parte do processo político. A gente segue em frente porque sabe que pode fazer a diferença na vida das pessoas”, disse.
O gaúcho argumentou que é preciso quebrar a história de que o “público tem que ser menos do que o privado”. “Além de equipamentos, estrutura e tecnologia, tem que ter gente. O SUS não é a estrutura do hospital simplesmente. Não é o equipamento que a gente vê lá, do acelerador, que, claro, impressiona, os maquinários, os corredores, os dormitórios, os espaços de internação bonitos. São as pessoas que fazem o SUS”, destacou.
Já Lula afirmou que estar na inauguração do centro de oncologia e hematologia é muito importante. “Eu tenho noção da importância disso porque eu tive câncer. Eu fiz quimioterapia, eu fiz radioterapia e eu sei da importância dessa máquina que vocês compraram para ajudar a salvar vidas nesse estado”, afirmou o presidente em determinado momento de seu discurso.
O petista voltou a dizer que está bem, aos 78 anos. “Vocês não têm noção que eu me sinto um ser humano pleno. Não tenho medo de nada. Não tenho preocupação com nada, não tenho preocupação com denúncia, com dificuldade. Porque a dificuldade ela existe para a gente resolver. Mas eu estou bem comigo. Sabe quando levanta de manhã, bem com você? Sabe quando você não se importa com notícia negativa? Sabe quando não está preocupado com nada porque sabe que vai resolver.”
Críticas
Mais cedo, Lula entregou unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida, também na capital gaúcha. É a quinta vez que o presidente vai ao estado desde o início das enchentes, no fim de abril, que deixaram 183 mortos, 28 desaparecidos e 806 feridos. Os municípios atingidos somam 478 — 96% do RS —, e cerca de 2,4 milhões de pessoas foram afetadas pelas fortes chuvas.
Durante a agenda, Lula criticou Leite. “Às vezes, eu fico incomodado porque o governador nunca está contente com as coisas. O governador deveria um dia me agradecer: ‘Ô, Lula, obrigado pelo tratamento que você está dando ao Rio Grande do Sul, porque o Rio Grande do Sul nunca foi tratado assim”, afirmou, ao destacar que o gaúcho “fala todo dia” que as ações do governo federal em prol do RS são “insuficientes”.
Leite, por sua vez, afirmou que o povo gaúcho não é “mal-agradecido nem ingrato”. “O povo gaúcho agradece todo o apoio que recebe, que recebeu da sociedade brasileira e que recebe do seu governo também, presidente. Nós agradecemos os apoios alcançados, mas também sabemos o que é de direito da nossa população e do nosso estado e demandamos”, completou, ao se referir diretamente a Lula no evento.
R7
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