O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (14) que o Brasil está pronto para assinar o acordo entre Mercosul e a União Europeia. De acordo com o chefe do Executivo, “agora depende” dos europeus e, mais especificamente, da França, que é a principal opositora às negociações. Se concluído, o tratado vai formar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, com quase 720 milhões de pessoas, 20% da economia global e 31% das exportações mundiais de bens.
“Nós estamos prontos a firmar o acordo entre Mercosul e União Europeia. Agora, depende da União Europeia. Porque nós aqui já decidimos o que queremos e já comunicamos. A União Europeia que se vire com a França, que tem dificuldade com os produtos agrícolas brasileiros. Certamente tem medo de disputar com nosso queijo de Minas, com nosso vinho do Rio Grande do Sul”, disse Lula.
“Eu já liguei para a Ursula von der Leyen [presidente da Comissão Europeia], dizendo para ela que está pronto. Nós, do Mercosul, estamos dispostos a assinar o acordo. É só vocês quererem que nós assinamos. Agora depende deles, não depende mais de nós”, acrescentou o presidente. A declaração foi dada durante evento, em Brasília.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as negociações em torno do acordo devem ser retomadas pelos técnicos a partir deste semestre. O tratado pode permitir a empresas brasileiras serem mais competitivas e terem mais espaço no mercado europeu. Além disso, a expectativa é que favoreça instrumentos de diálogo e cooperação política em diversos temas, como mudanças climáticas e segurança pública.
Entre os principais obstáculos para a conclusão da parceria, estão exigências ambientais dos europeus e necessidade de maior presença de empresas brasileiras na Europa. Um dos países europeus mais críticos ao acordo é a França. Quando veio ao Brasil em março deste ano, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que não defende o acordo e avaliou o texto como “péssimo”. Para ele, “precisa ser renegociado do zero”.
Há entraves também nas questões ambientais. Os países da Europa querem a garantia de que a intensificação do comércio entre os blocos não resultará no aumento de destruição ambiental no Brasil e nas demais nações do Mercosul. Em contrapartida, o lado brasileiro é a favor de que não haja distinção na aplicação de eventuais sanções, ou seja, de que ambos os lados sejam penalizados da mesma forma em caso de descumprimento.
Na visão do governo brasileiro, a medida pode prejudicar a indústria nacional, uma vez que o Executivo adquire produtos de diversas áreas, como saúde e agricultura. Em uma eventual participação de países europeus nas licitações, o Brasil poderia ter a produção interna prejudicada ou não suficientemente estimulada. A contraproposta pede a revisão de condições estabelecidas para essa categoria.
Novo bloco?
Lula defendeu, ainda na cerimônia, incentivos à integração econômica dos países da América Latina. ”Nosso futuro está próximo de nós. É com essa gente que pode comprar produtos manufaturados que a indústria brasileira produz ou com essa gente que pode ser sócios na construção de outras empresas que queremos criar, é que a gente vai criar um bloco forte, com PIB muito forte e que vai ter inserção no conjunto das negociações mundiais”, disse.
“O Brasil não perderá essa chance... Não vamos perder uma oportunidade de fazer com que o país vire um protagonista internacional no mundo da política, dos negócios e do crescimento econômico”, acrescentou o presidente, sem dar mais informações a respeito do novo bloco.
R7
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