O ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem afirmou que não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro com a agência. Nesta quinta-feira (11), a Polícia Federal obteve um áudio de uma reunião em 2020 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com Ramagem na qual os dois tratam sobre medidas contra supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração do relatório final das investigações sobre supostos desvio de parte dos salários dos funcionários do gabinete do agora senador na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) enquanto ele era deputado estadual.
“Não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro. A demanda se resolveu exclusivamente em instância judicial. A PGR não foi favorável às prisões da operação, mas a Justiça desconsiderou a manifestação. Há menção de áudio que só reforça defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional. Houve finalmente indicação de que serei ouvido na PF, a fim de buscar instrução devida e desconstrução de toda e qualquer narrativa. No Brasil, nunca será fácil uma pré-campanha da nossa oposição. Continuamos no objetivo de legitimamente mudar para melhor a cidade do Rio de Janeiro”, disse.
A gravação tem uma hora e oito minutos de duração. Conforme a corporação, Ramagem teria afirmado na reunião que seria preciso instaurar “procedimento administrativo contra os auditores, para anular as investigações, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.
Também participaram dessa reunião o então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno e uma advogada de Flávio. Segundo a PF, Ramagem determinou a Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues, que faziam parte do esquema de espionagem ilegal com o sistema da Abin e foram presos em operação da PF nesta quinta-feira (11), que fizessem diligência sobre os auditores responsáveis pela confecção do relatório de inteligência fiscal que substanciou investigação criminal envolvendo Flávio.
“Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas. O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado. A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin. Trazem lista de autoridades judiciais e legislativas para criar alvoroço. Dizem monitoradas, mas na verdade não. Não se encontram em first mile ou interceptação alguma. Estão em conversas de whatsapp, informações alheias, impressões pessoais de outros investigados, mas nunca em relatório oficial contrário à legalidade”, disse Ramagem.
Nas redes sociais, Flávio negou relação com a Abin e afirmou que foi “vítima” de servidores da Receita Federal que teriam acessado ilegalmente seus dados, mas que a defesa dele “atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter”. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro citou, ainda, que a operação teve motivação política e o objetivo de “prejudicar” a candidatura do ex-diretor da agência Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro.
Operação
A Polícia Federal cumpriu nesta quinta-feira (11) cinco mandados de prisão preventiva contra pessoas que teriam participado de um suposto esquema de espionagem ilegal com a estrutura da Abin.
Os membros do esquema ilegal de espionagem com a estrutura da agência rastrearam autoridades públicas como os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). As informações constam no relatório da investigação da Polícia Federal sobre o caso.
A Polícia Federal também identificou que servidores do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) foram monitorados pelo esquema, bem como jornalistas. Segundo a corporação, Mônica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista foram espionados.
Sobre a espionagem a ministros do STF, a Polícia Federal disse que “as ações direcionadas aos ministros da Suprema Corte em razão do exercício de suas funções além de atos de embaraçamento de investigações, também perfazem atos que atentam contra o livre exercício do Poder Judiciário”.
R7
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.