O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta segunda-feira (3) com o presidente da Croácia, Zoran Milanović, que realiza visita oficial ao Brasil. O encontro ocorreu no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Segundo o governo brasileiro, a pauta da reunião incluiu as guerras entre Ucrânia e Rússia, e Israel e o Hamas. O Brasil defende um cessar fogo nos dois conflitos.

"O Brasil condenou de maneira firme a invasão da Ucrânia pela Rússia, uma 'desescalada' seria um passo necessário para que as partes possam retomar o diálogo direto", disse Lula após a reunião.

"Apoiamos a realização de uma conferência internacional que seja reconhecida tanto pela Ucrânia, quanto pela Rússia. No caso de Gaza, o Brasil continuará trabalhando por um cessar-fogo permanente que permita a entrada da ajuda humanitária em Gaza e pela libertação imediata de todos os reféns pelo Hamas", completou o presidente brasileiro.

Lula reforçou a posição brasileira de reconhecer o Estado da Palestina e elogiou o anúncio recente de Irlanda, Noruega e Espanha neste sentido. O presidente defende a existência de dois estados na região, um para israelenses e outro para palestinos.

O presidente da Croácia, Zoran Milanović, também falou após o encontro e agradeceu a oportunidade de ter se reunido com Lula. Milanović disse que o presidente brasileiro "é uma das poucas vozes no mundo contemporâneo que se qualifica para ser uma referência internacional e um líder global e mundial".

O chefe do Executivo da Croácia também ressaltou a importância da preservação ambiental e do bom senso na abordagem das "grandes questões do mundo de hoje" como a paz e a questão humanitária no estado da Palestina.

O Brasil foi convidado para uma conferência convocada pela Suíça para discutir a guerra no Leste Europeu, porém Lula não deve comparecer em razão da ausência de representantes russos no encontro.

O governo brasileiro entende que o fim da guerra só será possível caso Ucrânia e Rússia participem das negociações

A posição de Lula irritou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que afirmou a jornalistas latino-americanos que o governo brasileiro prioriza a "aliança" com a Rússia, um país "agressor".

Meio ambiente e comércio
Lula e Milanović também acertaram o encontro para discutir o estágio da relação entre os dois países, ações de transição energética e os planos do Brasil como presidente do G20 neste ano e sede da conferência do clima das Nações Unidas (COP 30) de 2025.

O presidente brasileiro relatou que recebeu do presidente croata as condolências pelas cheias no Rio Grande do Sul e relembrou que a tragédia confirma "que já vivemos as consequências das mudanças climáticas que alguns ainda teimam em negar".

Lula afirmou que considera "insuficiente" a meta assumida pelos países no Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius, mensagem que ele deverá reforçar nesta semana.

Disse, ainda, que o Brasil pretende "liderar pelo exemplo" com novas metas de redução de emissões e voltou a frisar a importância de financiamento para que países em desenvolvimento promovam ações de transição energética e combate às mudanças climáticas.

Conforme o Itamaraty, em 2023, o comércio entre Brasil e Croácia totalizou US$ 91,5 milhões, com US$ 46,7 milhões de saldo para o lado brasileiro.

Milanović é o chefe de Estado croata, mas não o chefe de governo, já que o país europeu adota o sistema parlamentarista. A agenda do presidente no Brasil inclui, além de Brasília, passagens por Rio de Janeiro e São Paulo.

g1
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