O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o diplomata Frederico Meyer, que estava na Embaixada do Brasil em Israel, para o cargo de representante especial brasileiro junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra. O decreto foi publicado nesta quarta-feira (29) no Diário Oficial da União. Dessa forma, o decreto remove Meyer do cargo de embaixador em Tel Aviv para a missão permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas e demais organismos internacionais em Genebra.
Meyer comandava a Embaixada do Brasil em Israel na época em que Lula foi considerado “persona non grata” no país do Oriente Médio. Isso ocorreu porque o presidente fez uma comparação entre o conflito contra o grupo terrorista Hamas e o nazismo.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus”, afirmou Lula em fevereiro deste ano, na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia.
Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, levou Meyer ao Museu do Holocausto, em uma tentativa de constrangê-lo pelas declarações de Lula. Na sequência, o embaixador brasileiro foi chamado de volta para consultas por Lula. A medida, em termos diplomáticos, significou uma forma de demonstrar insatisfação com o país governado por Benjamin Netanyahu.
Repercussão
Após as falas de Lula, especialistas, políticos e entidades também reagiram às declarações e afirmaram que elas comprometem a imagem do Brasil no cenário internacional.
Professora de relações internacionais e doutora em ciência política pela USP (Universidade de São Paulo), Denilde Holzhacker avaliou que a posição de Lula não reflete o que aconteceu na história. “É mais uma frase em que ele expõe uma visão anti-Israel, reforçando os argumentos de que há um fundo antissemita nas falas do próprio presidente Lula”, afirma.
Para a especialista, a fala de Lula inviabiliza a proposta do Brasil de ser intermediário na busca da paz e deixa o país mais longe de ser parte de uma solução. “A declaração cria para o Brasil um distanciamento não só com Israel, mas também com outros países e com a comunidade judaica brasileira.”
O diplomata e doutor em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas Paulo Roberto de Almeida ressaltou que “as alusões ao Holocausto hitlerista são absolutamente equivocadas e inaceitáveis do ponto de vista histórico e diplomático”.
“Apenas diminuem a credibilidade de Lula como interlocutor responsável em face dessa tragédia. Elas [as declarações] apenas revelam seu despreparo para tratar desse assunto”, acrescenta.
R7
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