O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se encontrar nesta quarta-feira (17) com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, na capital Bogotá. Lula embarcou para o país vizinho no fim da tarde dessa terça (16) e volta para o Brasil na madrugada desta quinta (18). Além de reuniões com Petro e da assinatura de acordos entre os dois países, o presidente brasileiro participa da abertura da 36ª Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo). Nesta edição do evento, o Brasil é convidado de honra.
Ainda nesta quarta (17), o petista vai a um fórum empresarial promovido pela ApexBrasil e pela agência de promoção comercial colombiana ProColombia. Com participação de cerca de 300 empresários brasileiros e colombianos, o encontro deve apresentar discussões sobre industrialização, tecnologia, integração produtiva, segurança alimentar e infraestrutura.
Com Petro, Lula deve conversar sobre meio ambiente, sustentabilidade, comércio, investimentos e cooperação amazônica. Os dois também devem discutir a situação política da Venezuela, conforme apurou o R7. O assunto deve ser abordado por ambos de maneira natural, por se tratar de uma pauta regional e de interesse mútuo.
Lula e Petro manifestaram preocupação com o atual cenário político na Venezuela. A candidata Corina Yoris, de oposição ao ditador Nicolás Maduro, foi impedida de registrar a candidatura para as próximas eleições do país, marcadas para 28 de julho. Ela é um dos principais nomes para derrotar Maduro.
Será a terceira viagem internacional de Lula em 2024 e a segunda ida à Colômbia neste mandato. Ele esteve no país vizinho em julho de 2023 para participar de uma reunião técnica sobre a Amazônia. O encontro foi em Letícia, cidade colombiana que faz divisa com Tabatinga (AM).
Segundo o governo federal, mais de 70 empresas brasileiras estão instaladas na Colômbia. No ano passado, o Brasil exportou US$ 3,8 bilhões para a Colômbia e comprou US$ 2,3 bilhões do país vizinho. O principal produto que o Brasil vende para a nação são veículos automotivos, já os combustíveis derivados do carvão lideram a lista brasileira de compras da Colômbia.
Venezuela
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, que é da mesma coligação de Corina Yoris, agradeceu à reação de Lula e Petro. Ela destacou que os posicionamentos reafirmam que a luta da oposição “é justa e democrática”.
Em 28 de março, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, em Brasília, Lula declarou que a situação na Venezuela é “grave” e que não tem “explicação jurídica nem política”. A fala ocorreu depois de um “bate-boca” público entre os governos dos dois países.
“É grave que a candidata não possa ter sido registrada. Ela não foi proibida pela Justiça, parece que tentou usar o computador e não conseguir entrar, isso causou prejuízo à candidatura. Não tem explicação jurídica, política, proibir um adversário de ser candidato. Aqui no Brasil, todo mundo sabe, todos os adversários são tratados nas mesmas condições. Aqui, é proibido proibir, a não ser que tenha restrição judicial”, afirmou Lula, ao completar que o Brasil vai observar o processo no país vizinho.
O prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais na Venezuela terminou em 25 de março. Horas depois, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), coligação que reúne os principais partidos de oposição a Maduro, anunciou que tinha sido impedida de registrar o nome de Corina Yoris para as eleições. Ela foi indicada para substituir María Corina Machado, do mesmo grupo político, proibida de ocupar cargos públicos pela Justiça venezuelana.
Em reação, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota, no dia seguinte, e afirmou acompanhar com “expectativa e preocupação” o processo eleitoral na Venezuela.
“O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil. O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”, afirmou o Itamaraty.
A Venezuela rebateu o comunicado do Itamaraty, chamou a posição do Brasil de “cinzenta e intrometida” e disse “que parece ter sido ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Ainda segundo a nota venezuelana, o governo do Brasil fez “comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela”. A declaração exige “o mais estrito respeito pelo princípio da não ingerência nos assuntos internos e na nossa democracia, uma das mais robustas da região”.
R7
Portal Santo André em Foco
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