O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na segunda-feira (1º) com o diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e deixou o economista de sobreaviso. O movimento ocorre em meio à eventual saída de Jean Paul Prates do comando da Petrobras após desentendimentos com membros do governo.
Na última quinta-feira (4), Prates usou as redes sociais para ironizar os rumores de sua saída da presidência da estatal. O diretor reproduziu uma conversa de aplicativo de mensagens que dizia que, sim, ele iria sair da Petrobras, mas para jantar. "E amanhã às 7h09 ele estará de volta na empresa, pois sempre tem a agenda cheia", responde o interlocutor.
A crise sobre os dividendos ganhou novos contornos políticos, inclusive com especulações de nomes para o comando da companhia. O presidente da Petrobras solicitou uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do futuro da empresa. Não há ainda data para o encontro, mas deve ocorrer na próxima semana.
No início de março, as ações fecharam em queda de 10,5%, o que significou perda de valor de mercado de R$ 55 bilhões em apenas um dia. O ruído no mercado ocorreu após o anúncio de que a Petrobras iria reter os dividendos extraordinários, avaliados em R$ 43,9 bilhões. O governo havia construído acordo para que o Conselho de Administração votasse a favor de não distribuir os lucros. Na época, Prates se absteve da votação, numa demonstração de alinhamento aos acionistas minoritários. Desde então, a crise na estatal tem escalado, inclusive, com farpas entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O episódio da crise dos dividendos deixou Lula insatisfeito. Nos dias seguintes, o presidente ficou reflexivo sobre a atuação de Prates na chefia da Petrobras. De acordo com integrantes do governo, foram dois dias de negociação intensa em relação à posição do Conselho de Administração sobre distribuir ou não dos lucros da companhia. "Prates traiu Lula", diz um auxiliar do petista.
Integrantes do primeiro escalão do governo argumentam que Prates fez um gesto ao mercado. Em Doha, capital do Catar, o presidente da estatal confessou ao ministro de Minas e Energia que um de seus objetivos era ser uma pessoa da área do petróleo. A viagem ocorreu antes da COP28, em Dubai, e serviu para atrair investimentos do Oriente Médio. "O problema é que ele tem propósitos dissidentes dos do governo", acrescenta uma fonte.
O episódio dos dividendos causou distanciamento entre Lula e Prates. Nos próximos dias, o presidente da Petrobras vai se reunir com o presidente da República, que avalia nos bastidores outros nomes para o comando da companhia. A avaliação é de que o perfil deva ser técnico e profissional, não político. "O ideal seria uma pessoa dedicada à gestão, aos resultados da empresa, que falasse pouco para fora. Um perfil que se equilibre entre os interesses do Brasil, do governo Lula e da empresa", diz um integrante do governo.
No mesmo dia que Prates, que é senador licenciado, usou as redes sociais para ironizar os rumores de sua saída, a assessoria de imprensa da estatal não respondeu os questionamentos feitos pela reportagem. Paralelamente, as ações da Petrobras caíram 1,41% com a eventual saída do petista, que perdeu o apoio do seu único fiador, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O espaço está aberto para manifestação.
R7
Portal Santo André em Foco
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