O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (28) que o presidente da França, Emmanuel Macron, constatou nos últimos dias que o compromisso do Brasil com o meio ambiente "não é retórico".
Os dois fizeram fizeram uma declaração à imprensa nesta tarde, no Palácio do Planalto, em Brasília. No Brasil desde terça-feira (26), Macron finalizou na capital federal a passagem pelo país. Antes, também visitou Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.
Lula afirmou que, durante as viagens, o francês presenciou os esforços brasileiros para o desenvolvimento sustentável.
"O presidente Macron pêde constatar pessoalmente que o nosso compromisso com o meio ambiente não é retórico. No último ano reduzimos o desmatamento ilegal na Amazônia em 50%, e vamos zerá-lo até 2030", afirmou.
O petista também disse que a parceria entre Brasil e França está fortalecida. Nesta quinta, os dois presidentes assinaram mais de 20 acordos de cooperação entre os dois países, em áreas como meio ambiente, inteligência artificial, direitos humanos e igualdade de gênero.
"O Brasil e a França estão decididos a trabalhar juntos para promover, pelo debate democrático, uma visão compartilhada de mundo", disse.
"Uma visão fundamentada na prioridade da produção sobre a finança improdutiva, da solidariedade sobre o egoísmo, da democracia sobre o totalitarismo, da sustentabilidade sobre a exploração predatória", continuou.
Lula também afirmou que "o Brasil rechaça categoricamente todas as manifestações de antissemitismo e islamofobia".
"Não podemos permitir que a intolerância religiosa se instale entre nós. Judeus, muçulmanos e cristãos sempre viveram em perfeita harmonia no Brasil, ajudando a construir o país moderno de hoje."
Já Macron disse que existe uma "amizade recíproca" entre os dois países, citou o 8 de janeiro e disse que a Praça dos Três Poderes foi "maltratada por inimigos da democracia".
Cerimônia e reunião
Mais cedo, Macron foi recebido em cerimônia oficial em Brasília. Em seguida, os presidentes participaram de uma reunião bilateral, em que discutiram assuntos sobre os dois países discordam no campo da política internacional, como o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Lula também concedeu a Macron o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros.
No fim da tarde, o presidente francês tem um encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Passagem pelo Brasil
A visita de Macron encerra um hiato de oito anos – o último presidente francês a vir ao Brasil foi François Hollande, que participou da abertura da Olimpíada do Rio em 2016.
A terça-feira (26), primeiro dia do presidente francês no Brasil, não foi marcada apenas pelo anúncio de uma parceria bilionária pela bioeconomia na Amazônia, mas também por uma série de posts nas redes sociais e "mimos" para o visitante.
Em Belém, cidade que vai receber a Conferência do Clima da ONU (COP30) em 2025, na primeira parada da visita de três dias pelo país, Macron recebeu presentes do governador do Pará, Helder Barbalho.
Na pequena bolsa de palha entregue ao presidente francês havia três camisas: uma tradicional camisa do Marajó, produzida no estado do Pará, e duas dos principais times de futebol paraenses – Remo e Paysandu.
Nas redes sociais, os dois presidentes fizeram questão de fazer postagens conjuntas – quando a publicação aparece simultaneamente nos dois perfis, reforçando a estratégia de parceria entre eles.
Na quarta-feira (27), Macron passou por Itaguaí (RJ), também acompanhado por Lula, onde a Marinha do Brasil deu início às operações do submarino Tonelero (S42), que faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), desenvolvido em parceria com a França com orçamento de aproximadamente R$ 40 bilhões.
Ainda na quarta, Emmanuel Macron foi a São Paulo para um encontro com investidores brasileiros. Brasília foi a última parada no país.
O presidente francês deve voltar ao Brasil em novembro para as reuniões da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, e para a Conferência do Clima da ONU (COP30), que será sediada em Belém em 2025.
g1
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