Durante a participação na 8ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em São Vicente e Granadinas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se reunir nesta sexta-feira (1º) com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Na conversa com Maduro, a expectativa de auxiliares próximos de Lula é de que o presidente meça a temperatura no país e manifeste o interesse do Brasil em ver o total cumprimento do Acordo de Barbados — celebrado em outubro do ano passado.
O acordo prevê eleições transparentes e democráticas, além da libertação de membros da oposição ao regime venezuelano. Mas a Venezuela vem recebendo críticas da comunidade internacional por não cumprir o acordo.
Na semana passada, pelo menos 12 funcionários de um escritório local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) deixaram a Venezuela, depois que o governo determinou sua saída.
Outros fatores contribuem para a preocupação de Lula quanto ao cumprimento do Acordo de Barbados, segundo relatam assessores do presidente do Brasil.
No fim de janeiro, a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição, teve a candidatura para as eleições presidenciais barrada pelo Supremo Tribunal. E, no início de fevereiro, foi a vez de a ativista Rocío San Miguel ser presa, considerada terrorista e traidora da pátria pelo governo Maduro.
Durante a semana, havia a expectativa sobre outro assunto a ser tratado por Lula e Maduro: a disputa pela região de Essequibo, na Guiana. Mas no encerramento da passagem pelo país, onde se reuniu com o presidente Irfaan Ali, nesta quinta-feira (29), Lula afirmou que não tratou sobre o conflito diplomático.
"Se em cem anos não foi possível resolver esse problema, é possível que a gente leve mais algumas décadas", disse.
"Por que não discutimos? Porque não é o momento de discutir, era uma reunião bilateral para discutir desenvolvimento, para discutir investimento, mas o presidente do Irfaan [Ali] sabe, como sabe o presidente Maduro, que o Brasil está disposto a conversar com eles na hora que for necessário", disse.
Lula disse que também não tratará do assunto com Maduro.
Outros encontros importantes, durante a Celac
Além da agenda com Nicolás Maduro, Lula aproveitará a participação na Celac para outras reuniões de peso. Entre elas, um encontro ampliado com o presidente Gustavo Petro, da Colombia, e chanceleres do Chile e do México sobre a situação na Faixa de Gaza.
No dia 18 de fevereiro, durante viagem à Etiópia, Lula classificou como "genocídio" e "chacina" a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas. E comparou a guerra em Gaza com o Holocausto promovido por Adolf Hitler contra milhões de judeus.
Também está prevista uma reunião bilateral com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.
Além disso, Lula deve se reunir com Luis Arce, presidente da Bolívia, que se tornou o quinto membro efetivo do Mercosul, no ano passado, e ter uma audiência bilateral com a ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena Ibarra.
Também está prevista a assinatura de um acordo de serviços aéreos entre Brasil e Antígua e Barbuda, com o primeiro-ministro e o ministro das Relações Exteriores do país caribenho.
g1
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