Um dia após se reunir com membros do governo dos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir nesta quinta-feira (22) com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov. O encontro será realizado a partir das 18h no Palácio da Alvorada, em Brasília. Diplomata de carreira desde os tempos da União Soviética, o chanceler é o homem de confiança do presidente russo, Vladimir Putin, e principal articulador de Moscou pelo mundo.
Lavrov está no país em função da reunião de chanceleres do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. A agenda ocorre no Rio de Janeiro. Membros dos governos brasileiro e russo estavam negociando o encontro entre ambos há dias. O assessor especial para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, deve participar da reunião.
O encontro entre Lula e Lavrov ocorre em meio à crise diplomática entre Brasil e Israel. O país do Oriente Médio classificou o presidente brasileiro como "persona non grata" pelas declarações em que comparou as ações de defesa israelense com o extermínio de judeus durante o governo nazista de Adolf Hitler, na Alemanha. Como reação, o petista chamou de volta o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, para consultas.
A declaração de Lula foi dada durante entrevista coletiva depois da participação do presidente na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus", afirmou o petista na ocasião.
Desde então, membros do governo de Israel vêm defendendo que Lula se retrate e peça desculpas pelas declarações. Como mostrou o R7, o petista tem dado sinais de que não está arrependido de sua fala. O chefe do Executivo tem dito aos seus interlocutores que a mensagem foi proposital e a ideia era encorajar outros chefes de Estado a se posicionarem diante da guerra, o que não deu resultado até o momento.
Lula se reuniu na última quarta-feira (21) com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Em comunicado divulgado pelo Palácio do Planalto, ambos concordaram com a necessidade de criação de um Estado palestino. O texto não menciona Israel, tampouco as declarações feitas pelo líder brasileiro que culminaram na abertura da crise diplomática com o país que tem Benjamin Netanyahu como primeiro-ministro.
Agora, Lula vai se reunir com o principal articulador de Moscou pelo Mundo. Lavrov esteve no Brasil para uma reunião com o líder brasileiro no ano passado. Na ocasião, o petista havia dito que os EUA contribuíram para a manutenção do conflito entre Rússia e Ucrânia e a declaração causou mal-estar em Washington.
O russo tem a missão de defender os interesses geopolíticos de Moscou. Ele foi o representante russo na ONU por anos e esteve presente em negociações importantes como a guerra no Iraque, a guerra no Afeganistão, a guerra na Síria e o acordo nuclear com o Irã. Atualmente, ele tem a missão de justificar e defender os motivos para a invasão do território ucraniano pelas tropas russas. O conflito é o primeiro no continente europeu desde o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945.
R7
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