A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro informou ao STF que ele "fará uso do direito ao silêncio" no depoimento em investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado e pede que seja dispensado do comparecimento pessoal à Polícia Federal. Na segunda-feira (19), Bolsonaro tinha dito ao STF que não iria depor porque não teve acesso a informações do inquérito. O depoimento está marcado para esta quinta-feira (22), às 14h30.
O ministro determinou que seja avisado à Polícia Federal que “inexiste qualquer óbice para a manutenção da data agendada para o interrogatório, uma vez que aos advogados do investigado foi deferido integral acesso aos autos”, diz o ministro.
Entretanto, de acordo com a defesa, em momento algum, Bolsonaro decidiu pela possibilidade ou não da realização da oitiva, nem pretendia escolher data e horário específicos.
"Muito pelo contrário. A petição foi clara em assegurar a genuína intenção do Peticionário em colaborar com as investigações em curso, bem como em prestar seu depoimento – inclusive como forma de provar sua inocência", disse a defesa.
A defesa quer acesso à integralidade das mídias dos aparelhos celulares apreendidos. "O acesso a tais elementos não foi concedido, razão pela qual a Defesa entende que não foi concedido acesso integral, impossibilitando o exercício pleno da ampla defesa".
Outros investigados também foram intimados a depor, como o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres. A defesa de Torres disse ao R7 que ele vai responder a todas as perguntas.
Segundo a PF, inicialmente 16 militares são investigados por pelo menos três formas de atuação. A primeira é a produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à segurança das eleições de 2022 para estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas.
O segundo ponto de atuação dos militares investigados pela PF seria de apoio às ações golpistas, reuniões e planejamento para manter os atos em frente aos quartéis, incluindo mobilização, logística e financiamento para auxiliar os manifestantes.
Havia ainda o "Núcleo de Inteligência Paralela", que seria formado pelos militares Augusto Heleno, Marcelo Camara e Mauro Cid e faria a coleta de dados e informações que auxiliassem a tomada de decisões do então presidente da República na consumação do golpe.
O ex-presidente Bolsonaro teria pressionado os ministros do governo, durante reunião realizada em 5 de julho de 2022, para que promovessem e replicassem "desinformações e notícias fraudulentas" quanto à confiança do sistema eleitoral brasileiro, revela o processo.
R7
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