Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (19), o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma crítica direta ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e não ao povo de Israel. Lula comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto (leia mais abaixo).
"O presidente, na própria fala dele, deixa claro o posicionamento em relação a Netanyahu e à sua postura histórica enquanto presidente da República neste momento de defesa de Israel, da existência do Estado de Israel e à relação que ele sempre teve com a comunidade judáica aqui no Brasil. Ficou claro", argumentou Padilha.
Ainda segundo Padilha, essa crítica direta a Netanyahu foi "um grito de protesto" e já foi esclarecida pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, pelo assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, e pela primeira-dama, Janja Lula da Silva.
"A primeira-dama fez questão de fazer uma postagem correta, deixar claro. Vamos analisar de fato qual foi o sentimento que moveu o presidente naquele momento", afirmou o ministro, que não respondeu claramente se Lula fará uma retratação oficialmente.
Para Padilha, Lula foi tomado pela comoção de quem "está sensibilizado com o massacre que está acontecendo na Faixa de Gaza".
Questionado novamente se o presidente pediria desculpas por sua fala, Padilha disse que "se tem uma coisa que Lula precisa pedir para Netanyahu é o cessar-fogo."
Questionado sobre possível rompimento das relações comerciais entre Brasil e Israel, Padilha disse que as relações entre os dois países são sólidas e que em nenhum momento na reunião desta segunda entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, essa questão foi "colocado à mesa".
Além da crise diplomática entre Brasil e Israel, outro assunto tratado por Padilha foi o acirramento da disputa entre governo e Congresso, além das crtíticas feitas pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) com relação à articulação política do governo.
Segundo Padilha, "não tem pé de guerra" e nem "rompimento do diálogo" entre os interlocutores. O ministro afirmou ainda que quanto mais ministros fizerem a interlocução política, melhor. "Vai ter, em 2024, a reprodução de uma agenda compartilhada", disse.
Declaração de Lula
Em entrevista na Etiópia, Lula comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza, na guerra contra o grupo terrorista islâmico Hamas, ao Holocausto promovido pela Alemanha nazista.
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula na ocasião.
Após a declaração de Lula, o governo israelense declarou o petista "persona non grata" – medida utilizada nas relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo no país.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que as palavras de Lula são "vergonhosas e graves". O premiê também declarou que a afirmação banaliza o Holocausto – genocídio promovido na Segunda Guerra Mundial contra cerca de seis milhões de judeus.
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil repudiou a fala, e disse que a afirmação é uma "distorção perversa da realidade".
g1
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