O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai participar nesta sexta-feira (12) da cerimônia de entrega do submarino Humaitá, na cidade de Itaguaí, no Rio de Janeiro. Trata-se, portanto, da primeira agenda do petista fora da capital federal neste ano. A cerimônia será realizada pela Marinha do Brasil e marcará o recebimento do segundo submarino convencional com propulsão diesel-elétrica construído no Brasil via Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).
Atualmente, o país possui apenas quatro submarinos. São eles: o Tupi, construído na Alemanha, e o Tikuna, feito no Brasil, ambos do modelo IKL-2009, de 1.400 toneladas; e o submarino Riachuelo, o primeiro do Prosub, de 1.740 toneladas, construído no Brasil. Todos com capacidade para cerca de 40 tripulantes, lançamento de torpedos e minas. Somente o Riachuelo tem o poder de disparar mísseis. O quatro, por sua vez, se trate do Humaitá, que será entregue nesta semana.
De acordo com a Marinha, o Prosub representa a interação entre três projetos: construção da infraestrutura industrial e operacional; a construção e operação de quatro submarinos da classe Riachuelo; e a construção e operação do primeiro submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear. "O programa representa uma significativa ampliação da capacidade de dissuasão e defesa da Amazônia Azul, além de contribuir significativamente para o desenvolvimento de nossa base industrial de defesa", diz o órgão.
São esses submarinos, além de emprego conjunto dos meios aeronavais e de fuzileiros navais, que fazem a defesa dos 8,5 mil quilômetros de costa marítima brasileira. A medida demanda atuação diuturna da Marinha, que utiliza os equipamentos em zonas de patrulha definidas de acordo com uma análise operacionalmente previamente definida. As informações da ação na ponta, porém, são classificadas como de inteligência e, portanto, não são divulgadas. O Exército e a Aeronáutica também fazem esse trabalho.
Entenda as diferenças dos submarinos
Os submarinos convencionais, de propulsão diesel-elétrica, têm capacidade de ocultação limitada, uma vez que necessitam se posicionar próximo à superfície do mar e, por meio de equipamento especial, denominado esnórquel, aspirar o ar atmosférico para permitir a renovação do ar ambiente e o funcionamento dos motores diesel para recarregar suas baterias. Nesses determinados momentos, em função das partes expostas do submarino acima d'água, tornam-se vulneráveis, podendo ser detectados por radares de aeronaves ou navios. Para limitar a exposição, devem economizar energia ao máximo, o que limita a mobilidade.
Para os nucleares, a fonte de energia é um reator nuclear, cujo calor gerado vaporiza água, possibilitando o emprego desse vapor em turbinas. Dependendo do arranjo de cada submarino, as turbinas podem acionar geradores elétricos ou o próprio eixo propulsor. Naturalmente, em qualquer caso, produzem toda a energia necessária à vida a bordo.
Diferentemente dos submarinos convencionais, de propulsão diesel-elétrica, os nucleares dispõem de elevada mobilidade. Por possuírem fonte virtualmente inesgotável de energia, podem ficar submersos por tempo ilimitado. A capacidade de desenvolver altas velocidades, segundo a Marinha, permite que sejam empregados segundo uma estratégia de movimento que proporciona elevada dissuasão.
A Marinha, com a assistência técnica da empresa francesa Naval Group, também produz um submarino nuclear, chamado de Álvaro Alberto, previsto para ser lançado em 2033. "O Brasil, historicamente, convive com desafios estratégicos e tecnológicos na região do Atlântico Sul, os quais justificam a necessidade de desenvolver esse submarino", afirma a força, que argumenta que a medida vai colocar o país em outro patamar de negociações internacionais e reforçar a soberania na Amazônia Azul.
Tapajó
Em agosto do ano passado, a Marinha do Brasil aposentou o submarino Tapajó (S-33), em operação desde 1998. Ao longo de 25 anos, a embarcação participou de diversas missões de patrulhamento e defesa na costa brasileira e no exterior. O submarino pode mergulhar até 250 metros de profundidade, tem autonomia de 50 dias e chega a uma velocidade máxima de 11 nós na superfície, o equivalente a 20,3 quilômetros por hora, e de 21,5 nós imerso, ou 39,8 quilômetros por hora.
Com 61,20 metros de comprimento e capacidade para uma tripulação de 33 pessoas, o Tapajó foi oficialmente incorporado à Marinha em 1999, sete anos após o início de sua construção, em agosto de 1992. O S-33, da classe Tupi, foi o terceiro navio e o primeiro submarino a ostentar o nome Tapajó na Marinha do Brasil, uma homenagem ao guerreiro, à tribo e ao rio Tapajós, que nasce no estado de Mato Grosso e deságua no rio Amazonas, no Pará.
R7
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