O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, conversaram por telefone nesta sexta-feira (3) sobre a necessidade de acelerar a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Lula já indicou a pretensão de finalizar as negociações enquanto ele próprio e o premiê espanhol estiverem à frente dos respectivos blocos.
A conversa por telefone já havia sido anunciada por Lula na semana passada, ocasião em que ele frisou a necessidade de finalizar o acordo até 31 de dezembro deste ano, período em que se encerram as presidências provisórias nos blocos.
"Se nós dois, que somos amigos, não fizermos o esforço muito grande para fazer esse acordo, acho que não sairá. Quero tirar do papel esse acordo e mudar a pauta, porque faz 22 anos e meio que a gente fala em acordo, e não saiu. Fica um tentando jogar a culpa no outro. Então, vamos parar de jogar culpa, vamos assumir a nossa responsabilidade e fazer os acordos", declarou Lula dias antes da ligação.
De acordo com o Planalto, Sánchez "demonstrou concordância com a necessidade de acelerar a finalização do acordo e que ele deve se basear em uma relação de confiança mútua". O compromisso feito pelo primeiro-ministro foi intensificar as conversas entre os membros da União Europeia para concluir o texto com brevidade. Após um convite de Lula, o espanhol demonstrou interesse em vir ao Brasil ainda neste ano.
O presidente brasileiro criticou as exigências adicionais impostas pela União Europeia na área ambiental e sinalizou que, para formalizar o acordo, é necessária uma revisão desse tema. O bloco europeu apresentou um documento adicional com sanções em caso de descumprimento de medidas voltadas para o meio ambiente e de compras governamentais previstas no tratado. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil elaborou uma contraproposta, que está nas mãos dos europeus.
Compras governamentais e indústria nacional
Uma das questões apresentadas pela União Europeia está relacionada às compras governamentais e autoriza as empresas da Europa a participar, em condição de igualdade, de licitações em países sul-americanos — e vice-versa. Essas compras envolvem a aquisição de bens e a execução de obras, por exemplo.
Na visão do governo brasileiro, a medida pode prejudicar a indústria nacional, já que o Executivo adquire produtos de diversas áreas, como saúde e agricultura. Em uma eventual participação de países europeus nas licitações, o Brasil poderia ter a produção interna prejudicada ou não suficientemente estimulada. A contraproposta pede a revisão de condições estabelecidas para essa categoria.
Os países da Europa querem ainda a garantia de que a intensificação do comércio entre os blocos não vai resultar no aumento da destruição ambiental no Brasil e nas demais nações do Mercosul. Em contrapartida, o lado brasileiro é a favor de que não haja distinção na aplicação de eventuais sanções, ou seja, que ambos os lados sejam penalizados da mesma forma em caso de descumprimento das medidas.
R7
Portal Santo André em Foco
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