A extensa negociação do Palácio do Planalto com o Centrão tem gerado um movimento de ansiedade e antecipação em Brasília.

As bases dos ministros — sejam militantes ou entidades – estão manifestando apoios públicos e publicando notas prévias de que eles não devem sair do governo. Mesmo sem saber se existe mesmo a possibilidade de trocas.

O movimento não é novo, mas traduz o medo que o Centrão gera no primeiro escalão. E, de forma concreta, é o único recurso que os ministros dispõem no momento. Não há garantias para ninguém, e partidos da base já foram avisados de forma clara que terão que ceder espaço .

O mais recente apoio firme veio do movimento negro e de entidades de direitos humanos contra uma eventual substituição do ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, que ninguém sabe se realmente vai acontecer.

A Convergencia Negra, articulação que reúne a maioria das entidades nacionais do movimento negro brasileiro, manifestou seu apoio pela permanência do ministro. A Frente Favela Brasil também fez o mesmo em nome de milhões de moradores e moradoras das favelas, periferias, quilombos e aldeias do país.

Esporte
Eles não foram os únicos a defender a permanência de ministros, que ainda estão no governo e podem nem sair. Ana Moser, do Esporte, pasta que foi alvo de pedido do Centrão, também teve manifestação pública de apoiadores em São Paulo, na semana passada, aos gritos de “fica, Ana” , na plenária do PPA.

Lula já disse a interlocutores que não quer tirá-la do cargo. E que prefere ceder outros espaços ao Centrão.

No início das negociações, Nisia Trindade, da Saúde, também recebeu os apoios públicos em várias cerimônias e de várias representações da área da Saúde. No caso de Nisia , Lula já foi enfático publicamente dizendo que “há ministros que não são trocáveis” e que ela não sai.

Esse é o tamanho do medo que o Centrão gera e também o tamanho do movimento que os ministros podem fazer. Ou seja: pouco ou quase nenhum. Ter apoio de bases ligadas ao temas das pautas é importante mas nao garante a permanência .

O critério na troca nos ministérios será político e, em jogo, está a sobrevivência do governo em pautas importantes na Câmara. A governabilidade de Lula ainda não é uma realidade lá. E a base precisa ganhar corpo e espaço para devolver em votos que o governo precisa .

O super bloco que o Centrão criou deu um poder inédito a esse grupo de deputados. E isso tem gerado ansiedade nas bases — além do receio de que pouco poderá ser feito se Lula quiser fazer uma ampla troca na Esplanada.

g1
Portal Santo André em Foco