O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, no depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (26), que as eleições de 2022 são "uma página virada em sua vida".
Bolsonaro foi chamado a depor em razão de ter compartilhado em rede social, dois dias após os atos golpistas do dia 8 de janeiro, um vídeo que questionava sem qualquer evidência o funcionamento do sistema eleitoral nas eleições do ano passado.
"QUE, em relação ao conteúdo do vídeo, considera a Eleição de 2022 uma página virada em sua vida; QUE, indagado a respeito de sua opinião sobre o processo eleitoral, afirma que, ao postar o vídeo, não havia o assistido em sua integralidade e, em momento algum, emitiu juízo de valor sobre ele", diz o termo do depoimento obtido pela TV Globo.
O depoimento desta quarta, que durou cerca de duas horas, é parte do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e vandalizadas.
A PF tomou as declarações de Bolsonaro após determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes. Na avaliação de investigadores, uma postagem feita no dia 10 de janeiro pelo ex-presidente o ligaria aos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ele apagou a publicação em seguida.
A TV Globo já tinha divulgado nesta quarta que, no depoimento, Bolsonaro havia optado por responder apenas perguntas sobre o compartilhamento do vídeo, e se colocado à disposição para tratar de outros temas em nova data. E que tinha afirmado que compartilhou o vídeo "sem querer".
Crise intestinal nos EUA
Bolsonaro também afirmou à Polícia Federal que no dia 9 de janeiro – ou seja, entre o dia dos atos golpistas e a postagem com informações falsas em rede social –, teve uma crise de obstrução intestinal e foi internado em um hospital na Flórida, nos Estados Unidos.
E que, por isso, teve de receber morfina como analgésico.
O ex-presidente viajou para os EUA em 30 de dezembro, na véspera de terminar o mandato, e só retornou ao Brasil no fim de março. Ao longo dos últimos quatro anos, Bolsonaro teve diversas crises de obstrução intestinal, decorrentes de quando foi vítima de um atentado a faca nas eleições de 2018.
"QUE, no dia 08/01/2023, passou mal com obstrução intestinal; QUE acionou o médico na madrugada do dia 09/01/2023 e permaneceu internado do dia 09/01/2023 até a tarde do dia 10/01/2023; QUE, enquanto esteve internado, foi medicado com morfina, conforme documentação médica apresentada", diz o termo de depoimento.
A defesa de Jair Bolsonaro anexou, no material entregue à PF:
Os advogados também anexaram prints de mensagens em rede social nas quais Bolsonaro, supostamente, condena os atos golpistas de 8 de janeiro. No depoimento, o ex-presidente também afirmou à PF que "repudia e condena" atos contra a ordem democrática.
"QUE, por fim, o declarante reitera que repudia e condena todo e qualquer ato que vise a abalar a ordem democrática e que durante os seus quatro anos de governo sempre atuou dentro das 'quatro linhas' da Constituição Federal", diz o termo.
g1
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