O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (25) que espera ainda neste ano "boas notícias" sobre a conclusão das negociações do acordo entre União Europeia e Mercosul. O petista também pediu empenho dos países para o fim do que chamou de "guerra insana" entre Rússia e Ucrânia.
Lula deu as declarações durante evento em Madri, na Espanha, com empresários brasileiros e espanhóis. Essa é a primeira viagem de Lula à Europa neste terceiro mandato como presidente do Brasil.
Brasil e Espanha assumirão no segundo semestre os comandos de Mercosul e União Europeia. Em 2019, após duas décadas de negociação, o acordo foi finalizado. Desde então, está em fase de revisão pelos países dos dois blocos e ainda há divergências. A política ambiental do governo Jair Bolsonaro (PL), que resultou na alta do desmatamento, dificultou esse processo.
"O Brasil e os sócios do Mercosul estão engajados no diálogo para concluir as negociações com a União Europeia e esperamos ter boas notícias ainda neste ano. É um acordo muito importante para todos e queremos que seja equilibrado e que contribua para a reindustrialização do Brasil", declarou Lula.
Em relação à invasão da Rússia pela Ucrânia, o petista disse compreender a visão da União Europeia sobre a guerra que "jamais poderia ter acontecido", uma vez que não se pode aceitar que um país invada o outro. Mas acrescentou que não vê "ninguém falando em paz".
"Numa guerra insana que é a guerra da Rússia e da Ucrânia. Uma guerra que eu compreendo perfeitamente bem como é que os meus amigos europeus veem a guerra. Uma guerra que jamais poderia ter acontecido, porque não pode se aceitar que um país invada a integridade terriorial de outro país", afirmou.
"Mas uma guerra que também não tem ninguém falando em paz. E, às vezes, eu fico me perguntando: até quando essa guerra vai durar? Porque, se ninguém quiser construir a paz, e os dois lados, o que invadiu está reticente e o invadido também tem sua razão de estar reticente, eu fico me perguntando quem é que vai tentar resolver essa situação", acrescentou Lula.
O presidente brasileiro disse ainda que o Brasil está empenhado "na tentativa de arrumar parceiros para que a gente possa trazer a paz" para o leste europeu.
"Para que a Ucrânia possa ficar com o seu território, para que os russos fiquem com a Rússia, mas para que o mundo não sofra a falta de alimento, para que o mundo não sofra a falta de fertilizantes e para que o mundo volte a prosperar para gerar os empregos que a humanidade precisa", declarou Lula.
Mais cedo, em Lisboa, o presidente do Brasil voltou a condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, durante discurso na Assembleia da República Portuguesa.
Desde que foi alvo de críticas por dizer que a Ucrânia teve responsabilidade pelo início da guerra, Lula mudou de postura sobre o conflito no leste europeu.
Outros pontos
No discurso para empresários espanhóis e brasileiros, Lula disse que, depois da pandemia da Covid-19, os países precisam combater os vírus da desigualdade e do extremismo.
Afirmou que, neste novo mandato, está fortalecendo marcos regulatórios no Brasil para atrair investimentos estrangeiros e transformar o país em um "canteiro de obras".
Destacou que 80% da energia consumida no Brasil tem origem em fontes renováveis e que o país "voltará a desempenhar um papel de liderança na agenda climática".
Acrescentou que o governo será "implacável" no combate a crimes ambientais e ao desmatamento ilegal, que pretende zerar até 2030.
O petista aproveitou para pedir apoio da Espanha à candidatura de Belém como sede da Conferência do Clima (COP 30) em 2025. E lembrou que, em 2002, quando foi eleito presidente pela primeira vez, recebeu apoio de importantes empresários espanhóis.
Lula, por fim, defendeu o fortalecimento dos sindicatos e da representação de trabalhadores nas negociações com empresários.
g1
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