O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou, em depoimento, no dia 5 de abril, ao qual a TV Globo teve acesso com exclusividade, que conversou pessoalmente com o ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes sobre as joias enviadas pela Arábia Saudita, avaliadas em R$ 16,5 milhões, e retidas com a comitiva presidencial no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em outubro de 2021.
A TV Globo teve acesso aos cerca de dez depoimentos feitos de forma remota à Polícia Federal em São Paulo, incluindo o do ex-presidente.
"O declarante [Bolsonaro] solicitou ao ajudante de ordens, coronel Cid, que obtivesse informações a cerca de tais fatos; que o ajudante de ordens oficiou a Receita Federal para obter informações; que neste interim o declarante estabeleceu contato com o então chefe da Receita Federal, Júlio, cujo sobrenome não se recorda, e salvo engano, determinou que estabelecesse contato direto com o ajudante de ordem; que as conversas foram pessoalmente, pelo o que se recorda", diz um dos trechos.
Bolsonaro também informou que foi avisado sobre a existência das joias sauditas entre o final de novembro e o começo de dezembro de 2022. O ex-presidente disse não se lembrar quem o avisou sobre os itens, mas que é possível que tenha sido alguém ligado ao Ministério de Minas e Energia.
As joias foram recebidas pela comitiva do então ministro Bento Albuquerque. À época em que Bolsonaro alega ter tomado conhecimento dos itens, Albuquerque já não integrava mais o governo. Bolsonaro afirmou nunca ter falado com o ex-ministro sobre o assunto.
O ex-presidente também afirmou que "nunca decidia ou era consultado, ou mesmo opinou, quanto à classificação, entre o acervo público ou privado de interesse público".
Entenda o caso
O governo Jair Bolsonaro tentou trazer ao Brasil de forma irregular, em outubro de 2021, joias avaliadas em R$ 16,5 milhões.
A informação foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e confirmada pela TV Globo. As joias eram presentes do governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Os itens foram encontrados na mala de um assessor do Ministério de Minas e Energia e não foram declarados à Receita como item pessoal, o que obrigaria o pagamento de imposto, e acabaram apreendidos.
As joias poderiam ter entrado no Brasil sem pagar imposto, desde que fossem declaradas como presente para o Estado brasileiro, mas, neste caso, ficariam com a União, não com Michelle.
Além da ex-primeira-dama, o caso envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, ministros e funcionários do então governo.
g1
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