Novembro 27, 2024

Lula viaja à China com comércio, guerra da Ucrânia e formação de alianças na pauta Featured

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou por volta das 7h30 nesta terça-feira (11) em Brasília com destino à China.

Inicialmente, a visita do petista ao país asiático seria no fim de março, mas Lula foi diagnosticado com uma pneumonia e, por orientação médica, remarcou a viagem.

Na Ásia, Lula tratará principalmente da relação comercial com a China, maior parceiro de negócios do Brasil, mas também da guerra entre Rússia e Ucrânia e de questões de governança global.

Na China, o petista participará da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como presidente do banco do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Ele também se reunirá com o presidente Xi Jinping, lideranças políticas e empresários. Na volta fará uma parada nos Emirados Árabes Unidos (veja detalhes da programação mais abaixo nesta reportagem).

A comitiva de Lula será composta pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e pelos ministros:

  • Fernando Haddad (Fazenda)
  • Marina Silva (Meio Ambiente)
  • Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária)
  • Luciana Santos (Ciência e Tecnologia)
  • Mauro Vieira (Relações Exteriores)
  • Alexandre Silveira (Minas e Energia)
  • Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário)
  • Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
  • Margareth Menezes (Cultura)

A delegação brasileira também será integrada pelos governadores da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT); do Ceará, Elmano de Freitas (PT); do Maranhão, Carlos Brandão (PSB); do Pará, Helder Barbalho (MDB); e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).

Deputados também vão embarcar com o presidente. Ao todo, serão 40 autoridades (veja a lista).

Convidado para a visita pelo presidente chinês, Xi Jinping, Lula tem uma pauta bem definida: defender as relações já construídas com o maior parceiro comercial do Brasil e, eventualmente, ampliar a lista de produtos brasileiros para venda no gigante asiático.

Ao mesmo tempo, Lula busca a consolidação da estratégia da política externa do governo. Ao vencer as eleições, no discurso da vitória, Lula dedicou grande parte do tempo para falar das relações internacionais e que uma de suas prioridades seria "recolocar o Brasil no mundo".

Lula pretende fazer um contraponto ao antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que, na avaliação do petista, isolou o Brasil no cenário internacional.

Dos três maiores parceiros comerciais do Brasil, Lula já havia visitado Estados Unidos (2º) e Argentina (3º).

Em busca de reaproximação, Lula também recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, em Brasília, e foi ao Uruguai.

Posse de Dilma no Banco dos Brics
Lula deve desembarcar em Xangai nesta quarta-feira (12). No dia seguinte, quinta-feira (13), ele participa da cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do Brics.

Ainda em Xangai, o petista se reunirá com empresários e viajará à noite para Pequim, capital da China.

Conversa com Xi Jinping
De acordo com o Palácio do Planalto, Lula e o presidente chinês vão se encontrar na sexta-feira (14).

O petista e Xi Jinping devem tratar de temas que vão desde a guerra entre Rússia e Ucrânia e questões comerciais, de governança global, até a promoção de produtos brasileiros no mercado chinês.

Apesar de o Brasil não estar diretamente envolvido no conflito no leste europeu, Lula já disse publicamente que conversará o presidente chinês sobre o papel do país asiático na resolução da guerra.

O presidente brasileiro quer que o país asiático seja um dos líderes de um grupo de países para buscar uma saída diplomática para a guerra entre os dois países.

Lula tem dito que o presidente russo, Vladimir Putin "não pode ficar com o terreno" invadido na Ucrânia, mas que "talvez nem se discuta a Crimeia", uma das regiões ucranianas invadidas pela Rússia.

Em uma rede social, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, afirmou que o país agradece os "esforços" do presidente Lula para tentar pôr fim à guerra na região, mas que o país não cederá "um centímetro" de terra à Rússia.

No cenário internacional, a viagem de Lula ainda coloca o governo brasileiro no centro da disputa entre China e Estados Unidos.

Os EUA, no entanto, têm tido dificuldade em apresentar uma alternativa às propostas chinesas, com presença forte no agronegócio e investimentos em energia e infraestrutura no Brasil.

Depois de anos de relações mornas resultantes de ruídos causados pelo governo Bolsonaro tanto com americanos quanto com chineses, o Brasil vai se consolidando como a nova trincheira da disputa de influência e poder entre Estados Unidos e China.

As duas superpotências vivem um momento tenso em sua competição econômica e política, com troca de acusações de espionagem e difamação que ameaçam descambar para um conflito militar em Taiwan — que a China vê como seu território e que os EUA encaram como independente.

Além do encontro com Xi Jinping, na sexta-feira Lula participará de um jantar com o presidente chinês e de reuniões com Zhao Leji, presidente da Assembleia Popular Nacional, no Grande Palácio do Povo; e com o primeiro-ministro Li Qiang.

O petista também tem o desafio de desatar nós na relação, herdados da gestão de Jair Bolsonaro. Em seus anos de mandato, o ex-presidente alinhou-se irrestritamente ao colega americano Donald Trump e fez reiteradas críticas ao regime chinês — até mesmo no comércio de vacinas contra a Covid-19.

Parada em Abu Dhabi
Na viagem de volta para o Brasil, Lula fará uma parada nos Emirados Árabes Unidos.

Ele deve se reunir com lideranças locais em Abu Dhabi, capital do país árabe, no sábado (15).

g1
Portal Santo André em Foco

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