O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta sexta-feira (20) que, no entendimento dele, não houve envolvimento "direto" das Forças Armadas nos atos golpistas do dia 8 de janeiro em Brasília.
Ele disse também que os comandantes das Forças Armadas concordam com punições a militares que tenham participado dos atos.
Múcio deu as declarações depois de participar de reunião com os chefes do Exército, general Júlio Cesar de Arruda; da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen; e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno; com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto.
"Eu entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas. Agora, se algum elemento individualmente teve sua participação, ele vai responder como cidadão", disse o ministro da Defesa.
Na última quarta-feira (18), em entrevista a Natuza Nery, da GloboNews, Lula defendeu punições a militares que tenham envolvimento com os ataques golpistas em Brasília. Múcio foi questionado sobre a declaração e disse que o Ministério da Defesa "acolhe" o posicionamento do presidente.
"Os militares estão cientes e concordam que nós vamos tomar as providências. Evidentemente que, no calor da emoção, nós precisamos ter cuidado para que essas acusações sejam justas, para que as penas sejam justas. Mas tudo será providenciado em seu tempo", acrescentou.
A informação de que os comandantes são favoráveis à punição de militares envolvidos já havia sido antecipada pela colunista do g1 Ana Flor nesta quinta-feira (19).
Múcio afirmou ainda que os militares estão "atrás ou aguardando" as comprovações de eventuais violações de regras da carreira militar para a tomada de providências.
Na avaliação do ministro, outros ataques como os do dia 8 de janeiro não vão mais acontecer.
"Não tenho a menor dúvida que outro [ataque] daquele não vai acontecer, até porque as Forças Armadas vão se antecipar", disse.
'Não politizar' as Forças Armadas
Na entrevista à jornalista Natuza Nery, da GloboNews, Lula disse que falaria aos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica sobre a necessidade de "não politizar" as Forças Armadas.
“O soldado, o coronel, o sargento, o tenente, o general, ele tem direito de voto, ele tem direito de escolher quem ele quiser para votar. Agora, como ele é um cargo de carreira, ele defende o estado brasileiro. Ele não é Exército do Lula, ele não é do Bolsonaro, não foi do Collor, não foi do Fernando Henrique Cardoso”, afirmou o presidente na última quarta-feira.
Atos 'não foram discutidos'
Segundo José Múcio Monteiro, os atos golpistas não foram discutidos na reunião de Lula com os comandantes. Ele declarou que o tema está sendo analisado pela justiça.
Questionado se havia uma tensão provocada pelos atos golpistas, que levaram o ministro a pedir para antecipar a reunião de Lula com os comandantes, Múcio disse que desejava "virar a página".
"Vem cá, nós não tivemos um problema? Precisávamos ter uma conversa que não tratasse disso. Eu queria era virar a página", disse.
Investimentos na indústria de Defesa
Além de Lula, Múcio e os militares, participaram do encontro o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, e outros cinco empresários.
O grupo, segundo o ministro da Defesa, discutiu "investimentos da indústria de defesa do Brasil'.
'Se os senhores me perguntarem, como me perguntou, se nós tratamos sobre o dia 8 [de janeiro], nós não tratamos. Isso está com a Justiça. Nós tratamos da capacidade de geração de emprego que o Brasil tem na indústria de defesa. E teve a presença do presidente da Fiesp, Josué, e de outros cinco empresários todos propondo soluções para que nós coloquemos recursos na indústria de defesa brasileira", afirmou.
O vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também estavam presentes na audiência.
g1
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