Depois de defender publicamente o chefe da Polícia Federal , delegado Maurício Valeixo, o ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou que o diretor-geral "permanece" no cargo e tem a sua "confiança". No entanto, questionado se não há alguma possibilidade de Valeixo sair, Moro afirmou que "as coisas eventualmente podem mudar". A insatisfação na PF chegou à cúpula da instituição, que ameaça deixar cargos caso ele seja afastado, como mostrou O GLOBO em reportagem desta quarta-feira . Moro também disse que não é o chefe da PF "de forma alguma".
- Veja, como eu tenho as várias funções aqui do Ministério da Justiça, as coisas eventualmente podem mudar, mas ele está no cargo, permanece no cargo, tem a minha confiança - afirmou em entrevista ao programa Em Foco, na GloboNews.
Em outra pergunta, desta vez sobre sua permanência no governo caso Valeixo saísse, Moro foi lacônico.
- Não tenho essa questão - disse.
Moro se esquivou quando perguntado sobre a declaração polêmica de Bolsonaro, de que ele é quem manda na PF e não Moro.
- Não cabe ficar comentando afirmações do presidente, acho que também seria impróprio.
Entre atritos e afagos
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que ele é “quem manda”, ao comentar a substituição do superintende da PF no Rio. Depois, disse que ele escolhe o diretor-geral da corporação, rompendo com o discurso de dar “liberdade total” a Moro, usado na época do convite ao ex-juiz para o Ministério da Justiça.
Os embates com Bolsonaro e as derrotas no campo político são duas fontes de desgaste de Moro no governo. Na semana retrasada, Valeixo quase pediu demissão diante da interferência de Bolsonaro na troca de superintendentes da PF. Um delegado que acompanha o caso de perto disse ao GLOBO que o presidente pressionou a direção da PF a substituir imediatamente o delegado Ricardo Saadi, da Superintendência do Rio, por estar descontente com uma investigação.
No último sábado, o GLOBO revelou que Bolsonaro mostrou insatisfação com Moro e que tenta, há algum tempo, inviabilizar a presença do ministro do governo . O presidente se irritou com Moro quando soube da movimentação do ministro contra a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de proibir investigações iniciadas a partir do compartilhamento de relatórios detalhados do Coaf sem autorização judicial.
Ontem, após uma reunião entre ambos pela manhã, o ministro da Justiça trocou afagos com o chefe. Por meio do Twitter, Moro publicou uma mensagem dizendo que sua pasta vai avançar no combate à corrupção “em total alinhamento com a orientação” de Bolsonaro, que respondeu horas depois com uma frase de incentivo. “Vamos, Moro!”.
O Globo
Portal Santo André em Foco
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