O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que só aceitará discutir o recebimento da oferta de US$ 20 milhões dos países do G7 para ajudar no combate às queimadas na Amazônia se o presidente da França, Emmanuel Macron , voltar atrás em sua afirmação de que Bolsonaro mentiu para ele e desistir de discutir a internacionalização da floresta.
Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Palácio do Planalto havia confirmado oficialmente que o Brasil iria rejeitar a oferta do G7 .
— Primeiramente, o senhor Macron tem que retirar os insultos que faz a minha pessoa. Ele me chamou de mentiroso. Depois, pelas informações que eu tive, a nossa soberania está em aberto na Amazônia. Para conversar ou aceitar qualquer coisa com a França, que seja com as melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras — disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, acrescentando depois: — Primeiro retira, depois oferece, daí eu respondo.
Bolsonaro declarou também que não ofendeu a primeira-dama da França, Brigitte Macron , ao endossar um comentário em sua página no Facebook que zombava dela. O presidente diz que falou para um seguidor seu não "falar besteira" e destacou que não se mete na "questão pessoal".
O comentário ocorreu em meio a uma discussão pública com Macron, que classificou o gesto de Bolsonaro como "triste". No último sábado, um internauta postou foto dos casais Macron e Bolsonaro em uma publicação do presidente brasileiro, com a legenda: “Agora entende por que Macron persegue Bolsonaro?”. O perfil do presidente respondeu: “Não humilha cara. Kkkkkkk”.
— Eu não botei aquela foto. Alguém que botou a foto lá e eu falei para ele não falar besteira. Não quero levar para esse lado. Questão pessoal, familiar, eu não me meto. Respeito o cara para não entrar nessa área — disse Bolsonaro nesta terça-feira.
'Jair Bolsonaro falou?'
Questionado sobre o fato do Palácio do Planalto ter divulgado a informação de que o governo recusaria o dinheiro, Bolsonaro disse:
— Eu falei isso? Eu falei? Jair Bolsonaro falou?
Ao longo do dia desta segunda-feira, interlocutores do presidente afirmaram que se a oferta feita pelos países ricos fosse condicionada a alguma contrapartida ou exigisse um monitoramento na aplicação de recursos a tendência era pela recusa. No anúncio feito por Macron, parte dos recursos, destinados ao reflorestamento, estava vinculada a um trabalho com ONGs, por exemplo.
No final da tarde desta segunda, após uma reunião no Ministério da Defesa entre Bolsonaro e alguns de seus ministros, o porta-voz Otávio do Rêgo Barros disse que a decisão caberia ao Ministério das Relações Exteriores. Pouco depois, em publicação nas redes sociais, o chanceler Ernesto Araújo — que também participou da reunião — sinalizou que o governo poderia não aceitar a oferta anunciada pelo presidente francês.
O Globo
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