O presidente Jair Bolsonaro, candidato do PL à reeleição, criticou nesta sexta-feira (26) declarações feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante entrevista ao Jornal Nacional nesta quinta-feira (25).
Em evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Bolsonaro classificou como "conversa mole" a promessa de Lula de que, se for eleito, a população voltará a consumir picanha e tomar cerveja.
"Acreditar nessa conversa mole de: 'Você vai ter tudo, eu vou passar a gasolina para R$ 3, vai todo mundo comer picanha todo fim de semana'. Cola isso? Não tem filé mignon para todo mundo", disse o presidente.
De acordo com Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo de carne bovina no Brasil deve cair, em 2022, ao menor nível desde 1996. E, embora o país tenha registrado inflação negativa em julho, no acumulado dos últimos 12 meses o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) segue em dois dígitos, pressionado pelo preço dos alimentos.
No evento da ACSP, Bolsonaro também ironizou a declaração do petista, que disse que, se eleito, vai "conversar" com os deputados. No pronunciamento, com muitos palavrões, o presidente afirmou que a relação do Executivo com o Legislativo é uma "dificuldade".
"Muita gente boa aqui sabe como é a dificuldade [da relação] Executivo-Legislativo. Não é esse papinho [do Lula] de ontem: 'Eu vou conversar'. Conversar p... nenhuma. Acha que, ali [no Congresso], tá todo mundo na farra pra ser cantado, pra levar pra casa? Não é assim que funciona o negócio. Na prática, a realidade é uma coisa bem diferente", disse o presidenciável do PL.
Ainda em relação à entrevista de Lula ao JN, Bolsonaro destacou a fala sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), defendido pelo candidato do PT.
"Pacificamos o campo titulando terras. Eu vi o Lula falando ontem: 'temos um novo MST'. Aí você vai modificar o DNA da cobra, da sogra? Isso é humor, pra deixar bem claro", disse, provocando risos dos presentes.
A uma plateia de empresários do comércio, Bolsonaro teceu críticas às medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos, em especial os paulistas, durante a pandemia da Covid-19.
O presidente lembrou que sempre se posicionou contra as medidas de restrição ao funcionamento de estabelecimentos comerciais, as quais eram recomendadas por especialistas com o objetivo de se evitar a disseminação do novo coronavírus. Até o momento, a Covid-19 provocou mais de 683 mil mortes no país.
"Fiz o contrário, fui pra rua, de moto, pela periferia de Brasília. Sem máscara. Pra mostrar pro povão que, na minha idade, com o preparo físico que eu tinha, não tinha problema nenhum", disse o candidato à reeleição.
Bolsonaro voltou a defender tratamentos comprovadamente ineficazes contra a doença e a levantar suspeitas infundadas sobre a eficácia de vacinas.
Ainda sobre a atuação do governo durante a pandemia, o presidente destacou a criação de programas de proteção ao emprego e a pequenas empresas, que evitaram demissões e o fechamento maior de pequenos negócios em meio à crise sanitária.
O presidente também voltou a criticar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que atingiram políticos aliados e empresários que o apoiam.
Jair Bolsonaro fez ainda críticas a países da América do Sul que são presididos por políticos de esquerda, como Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela
"Dá uma olhadinha para a Argentina. Não se esqueça que o [Alberto] Fernández [presidente argentino] visitou o Lula na cadeia em Curitiba, depois se elegeu presidente. Veja também a Colômbia, onde o Petro [se elegeu]. Duas semanas antes das eleições, o Lula gravou vídeo pra ele. Veja o nosso Chile – um dos países, talvez, o mais arrumado na economia na América do Sul – pra onde tá indo o Chile", disse.
"As propostas são sempre liberar drogas – está aí a Colômbia abrindo a fronteira com a Venezuela –tirar da cadeia os presos, 'Vamos diminuir a população carcerária'; aborto", acrescentou Bolsonaro.
g1
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