Em uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (29), em discurso na convenção nacional do PSB, em Brasília, que as Forças Armadas não podem ser tratadas como "objeto" — Bolsonaro busca atrair militares para apoio às suspeitas infundadas que levanta contra o sistema eleitoral, classificadas por Lula como "idiotice".
Na convenção, o PSB aprovou a coligação com a federação PT-PV-PCdoB, o apoio à candidatura do ex-presidente e confirmou como vice na chapa presidencial o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, filiado ao PSB.
"Nunca tive nenhum problema com as Forças Armadas porque as Forças Armadas elas têm suas funções estabelecidas na Constituição. As Forças Armadas nunca perguntam para que nem o porquê da decisão de um presidente. Eles cumprem. O que nós precisamos é estabelecer uma relação de respeito. É uma relação em que cada um cumpra com a sua função e não ter um presidente que trata as Forças Armadas como se fossem um objeto na mão dele", afirmou Lula.
Na última quarta-feira (27), o ex-presidente já tinha feito outro afago nos militares. Afirmou que eles são "mais responsáveis" que Bolsonaro e disse não acreditar que as Forças Armadas aceitem golpe.
Lula comentou a convocação de embaixadores por Bolsonaro para fazer acusações sem provas à credibilidade das urnas eletrônicas e lançar suspeitas sem fundamento de fraude no processo eleitoral.
"Eu nunca imaginei, nos meus 76 anos, nos meus 50 anos de participação política, que nós veríamos um presidente cometendo a idiotice de chamar os embaixadores de quase 70 países para fazer o pior papel que um presidente pode fazer, que é mentir e vender uma ideia falsa de que, no Brasil, a democracia corre risco por causa das urnas eletrônicas. Justamente ele, que desde 1998 é eleito pela urna", afirmou Lula.
"Idiotice de chamar os embaixadores de quase 70 países para fazer o pior papel que um presidente pode fazer, que é mentir e vender uma ideia falsa de que, no Brasil, a democracia corre risco por causa das urnas eletrônicas", declarou.
'Temos que ir para as ruas'
O candidato do PT à Presidência também indicou que nas próximas semanas a campanha vai "para as ruas".
"Tem gente que acha que eu não deva fazer comício, que deva fazer em lugar fechado. Daqui pra frente é tudo em lugar aberto. Temos que ir para as ruas para mostrar que o povo brasileiro quer democracia de verdade. Nós não podemos ceder a esse fanfarrão", afirmou Lula.
Lula voltou a dizer que os apoiadores não "precisam aceitar nenhuma provocação". "Ninguém tem que brigar com ninguém na rua, ninguém tem que brigar com ninguém em restaurante. Não vamos aceitar nenhuma provocação. Vamos ganhar tendo coragem", declarou.
Antes de Lula, discursaram os presidentes de partidos que integram a coligação e o ex-governador Alckmin.
Alckmin enfatizou no discurso a crítica a Bolsonaro. "É sem sombra de dúvida o mais irresponsável e incompetente governo que o Brasil já teve", afirmou. Segundo o ex-governador, Bolsonaro comete "barbaridades", não tem "nenhuma sensibilidade" e diz defender a família, mas "ninguém fez mais para arruinar a estabilidade da vida familiar neste país".
Ele também abordou as suspeitas sem fundamento de Bolsonaro ao processo eleitoral e os ataques sem provas às urnas eletrônicas. "Quem alega fraude tem de provar, e quem não prova tem de ser punido pela farsa de acusar. Não vamos cair no jogo da mentira, não vamos nos render às manhas e aos desvarios de um presidente que não quer voltar para casa. É hora de Bolsonaro ir embora por todo o mal que causou ao país", declarou.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o Brasil "vem sendo destruído pelo bolsonarismo" e apresentou propostas para o plano de governo de Lula, entre as quais defender de imediato uma reforma do sistema político-partidário; ampliar a capacidade de investimento e planejamento estratégico; e reverter o processo de desindustrialização do país.
g1
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