Autoridades do Legislativo e do Judiciário e pré-candidatos à Presidência da República rebateram as críticas à segurança do sistema eleitoral e as acusações contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) feitas pelo presidente Jair Bolsonaro durante um encontro com embaixadores, em Brasília, nesta segunda-feira (18).
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que não cabem mais dúvidas sobre as urnas. "A segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida. Não há justa causa e razão para isso. Esses questionamentos são ruins para o Brasil sob todos os aspectos", afirmou o senador.
Pacheco – que desistiu da candidatura à Presidência para focar o Senado – destacou ainda que cabe ao Congresso Nacional "afirmar à população que as urnas eletrônicas darão ao país o resultado fiel da vontade do povo, seja qual for".
Em nota, A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) também manifesta apoio ao TSE e aos ministros e rechaçou "qualquer tentativa de impugnação a tal resultado [das eleições] fora das vias adequadas, ou seja, aquelas admitidas pelo ordenamento jurídico, garantida a independência do Poder Judiciário e a soberania do voto popular".
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência da República, reforçou a confiança no sistema de votação. "O Brasil passa vergonha diante do mundo. O presidente convocou embaixadores e utilizou de meios oficiais e públicos para desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro", escreveu.
"Reforço minha confiança na Justiça Eleitoral e no sistema de votação por urnas eletrônicas", complementou a parlamentar.
O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT-CE) afirmou que a postura do presidente foge às atribuições do cargo. "Depois do horrendo espetáculo promovido, hoje, por Bolsonaro, ele não pode ser mais presidente de uma das maiores democracias do mundo, ou o Brasil não pode mais se dizer integrante do grupo de países democráticos", escreveu ele, nas redes sociais.
"Não há mais paciência política nem armadura institucional capazes de suportar tamanho abuso. Muito menos complacência de se interpretar organização clara e deliberada de golpe como arroubos retóricos ou desatinos de um presidente desqualificado", acrescentou.
O pré-candidato ao Palácio do Planalto Lula (PT) também se manifestou na internet.
Para o petista, "é uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo".
"Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia", argumentou o ex-presidente nas redes sociais.
Palestra de Barroso no exterior
Durante o evento, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, participou de um evento no exterior e palestrou sobre como remover o presidente do cargo.
Barroso rebateu as acusações. "Cumprindo o cansativo dever de restabelecer a verdade diante de mentiras reiteradamente proferidas, o gabinete do ministro Luís Roberto Barroso informa que ele jamais proferiu palestra no exterior sob o título como se livrar de um presidente”, afirmou, por meio de nota.
De acordo com o magistrado, ele participou de um evento na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, com o tema "Populismo autoritário, resistência democrática e papel das Supremas Cortes", em que "foram discutidos temas como separação de Poderes, semipresidencialismo, papel dos tribunais e impeachment". No entanto, de acordo com o ministro, em nenhum momento ele ou os demais convidados tocaram no tema de "eventual impeachment do atual presidente do Brasil".
Fachin: 'É hora de dizer basta'
Em discurso na Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná nesta segunda, o ministro Edson Fachin, do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, pediu um basta aos ataques à Justiça Eleitoral, criticou o envolvimento das Forças Armadas no pleito e afirmou que há um "negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade importante" no Brasil. Na ocasião, Fachin abriu a Campanha de Combate à Desinformação da Ordem dos Advogados.
Fachin ainda criticou o que chamou de "naturalização do abuso da linguagem" e a falta de compromisso cívico. "Ainda mais grave é o envolvimento da política internacional e também das Forças Armadas, cujo relevante papel constitucional a ninguém cabe negar como instituições nacionais, regulares e permanentes do Estado, e não de um governo. É hora de dizer basta."
Embaixador da Suíça
O embaixador da Suíça, Pietro Lazzeri, que participou do encontro do presidente da República com chefes de missão diplomática, no Palácio da Alvorada, nesta segunda, afirmou que, "no ano do bicentenário do Brasil, desejamos ao povo brasileiro que as próximas eleições sejam mais uma celebração da democracia e das instituições".
R7
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