O ex-ministro de Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (União Brasil) anunciou, nesta terça-feira (12), sua pré-candidatura ao Senado pelo Paraná.
"Como nos tempos de juiz, escutei muito e tomei minha decisão: sou pré-candidato ao Senado pelo Paraná, minha terra. Precisamos de renovação, de mudança. Eu acredito que, a partir do Paraná, podemos criar novas leis, fazer aquilo que é justo na legislação atual", disse Moro em vídeo divulgado durante o evento, realizado em Curitiba (PR).
"O meu entendimento é que o Paraná precisa de lideranças fortes, vozes robustas, focalizando os interesses do Paraná e também contribuindo para a boa formação da política nacional. O Paraná é um estado que tem um potencial gigantesco, enorme, mas, às vezes, temos a percepção de que fica sub-representado na esfera política", completou.
O lançamento da pré-candidatura do ex-juiz da Lava Jato ao Senado não contou com a participação do presidente e do vice-presidente de seu partido, o União Brasil, Luciano Bivar e Antônio de Rueda, respectivamente. Os caciques da legenda enviaram vídeos que foram divulgados na cerimônia.
Questionado sobre eventual judicialização de sua pré-candidatura, Moro negou que esteja preocupado. "Zero risco, zero receio de impugnação. Os fatos e o direito estão do nosso lado. Agora, é surpreendente como é difícil para pessoas como eu se colocar no mundo político", defendeu o ex-juiz.
No mês passado, Moro convocou uma coletiva de imprensa em que informou que não havia decidido se sairia candidato nas eleições deste ano e que, naquele momento, iria percorrer o estado. "Meu objetivo é circular pelo Paraná, me reconectar com o povo paranaense, e essa decisão [sobre seu futuro político] vai ser tomada adiante juntamente com o União Brasil, nacional e local", disse à época.
Pesquisa do Real Time Big Data divulgada no fim de junho mostrou que Moro tinha 30% das intenções de voto na disputa ao Senado pelo Paraná nas eleições de outubro. Na sequência, apareciam Álvaro Dias (Podemos), com 23%, e Dra. Rosinha (PT), com 7%.
Essa configuração foi formada levando em consideração a simulação estimulada — quando os candidatos são apresentados em uma lista. Os outros nomes escolhidos pelos entrevistados foram Paulo Martins (PL), com 6%; Aline Sleutjes (PROS), 2%; e Alex Canziani (PTB) e Guto Silva (Progressistas), com 1% cada um.
Domicílio eleitoral
Com a candidatura à Presidência da República dificultada por falta de apoio e espaço para o cargo dentro do partido, o ex-juiz da Lava Jato pretendia disputar uma vaga ao Senado por São Paulo e por isso transferiu seu domicílio eleitoral para o estado.
No entanto, o ex-juiz viu seus planos ruir após o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) suspender a transferência de domicílio eleitoral para a capital paulista. O julgamento, que ocorreu em 7 de junho, teve quatro votos contra Moro e dois a favor. Com a decisão do TRE, ele ficou impedido de se candidatar no maior colégio eleitoral do país.
A intenção de Moro de disputar o Senado pelo Paraná esbarra na pré-candidatura de antigos aliados, como o senador Álvaro Dias (Podemos), que também pleiteia a vaga e foi um dos padrinhos da candidatura do ex-juiz ao Palácio do Planalto. O atual partido de Moro estuda apoiar a reeleição de Ratinho Junior (PSD), que tem demonstrado apoio a Paulo Martins (PL), aliado do presidente Jair Bolsonaro, para a vaga no Senado.
Histórico de Moro
Sergio Moro foi o principal nome da Operação Lava Lato, que teve a primeira ação deflagrada em 2014 em um posto de combustíveis em Brasília, para desmembrar um esquema de lavagem de dinheiro. Como juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, ele julgou políticos, empresários e doleiros acusados de envolvimento no esquema.
Em uma entrevista dada em 2016, Moro disse que jamais entraria para a política. Na ocasião, o juiz federal, acusado principalmente pelo PT de perseguir o partido, declarou também que a Justiça era "questão de prova" e achava "errado tentar medir a Justiça por essa régua ideológica".
Durante sua atuação na Lava Jato, Moro colecionou polêmicas e acusações de violação processual nos processos julgados por ele. Em 2018, ele largou o cargo de magistrado para ser ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Após atritos com o chefe do Executivo, ele deixou a pasta e virou diretor da consultoria americana Alvarez & Marsal. Na época, recebeu 45 mil dólares por mês do escritório, o equivalente a R$ 242.766,00 mensais. Ao todo, a quantia recebida (salários e bônus) totalizou 690 mil dólares. O valor corresponde a R$ 3.722.412, segundo a Calculadora do Cidadão, do Banco Central.
Com a proximidade das eleições deste ano, Moro se filiou ao Podemos, sigla com a qual pretendia ser lançado pré-candidato a presidente da República. Para conquistar mais tempo de televisão e mais verbas partidárias, ele decidiu migrar para o União Brasil.
Devido a disputas internas, o ex-juiz foi impedido de se candidatar à Presidência e transferiu o domicílio eleitoral do Paraná para São Paulo, em uma tentativa de disputar o Senado. Para declarar que morava na capital paulista, Moro apresentou o endereço de um hotel e alegou vínculo profissional. Com a decisão do TRE, terá de se candidatar pelo Paraná.
R7
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