Seis dias depois de o Itamaraty declarar que não havia como realizar uma operação de resgate de brasileiros retidos na Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, decidiu adaptar as ações do governo ao que chamou de "nova realidade".
Ao anunciar medidas de caráter emergencial, o ministro mencionou um agravamento da situação e a possibilidade de intensificação dos ataques russos a Kiev, capital da Ucrânia.
Uma circular telegráfica — um sistema de comunicação direta do Itamaraty com as embaixadas — foi enviada nesta quarta-feira (2) às embaixadas brasileiras na Ucrânia , na Polônia, na Romênia, na Hungria e na Eslováquia.
Nos primeiros dias do conflito, todas as comunicações para brasileiros na Ucrânia reforçavam que a saída seria "por conta e risco próprio" de cada um.
O comunicado desta quarta, ao qual o Jornal Nacional teve acesso, tem um tom diferente. No texto, o ministro Carlos França disse:
"Dou instruções. À luz do agravamento da situação na Ucrânia, sobretudo com a possibilidade da intensificação de ataques a Kiev, e da necessidade de adaptar as ações do governo brasileiro à nova realidade, determinei novas medidas, de natureza emergencial, com o objetivo de intensificar os esforços da diplomacia brasileira na assistência aos nacionais brasileiros que desejam deixar o território ucraniano ou que estão em trânsito em países vizinhos."
O ministro afirmou que, a exemplo de outros países, a diplomacia brasileira montará pontos de atendimento a brasileiros nas duas principais rotas de saída da Ucrânia — em Lviv, próxima à Polônia, e em Chisinau, capital da Moldávia, mais perto da fronteira com a Romênia.
Segundo o ministro, a medida visa a tornar mais rápido, eficiente e presente o atendimento a brasileiros que necessitem de apoio do governo brasileiro para sair da Ucrânia.
Carlos França fez ainda um apelo aos demais postos, pedindo para que, com os reforços orçamentários recentemente recebidos, possam alugar transporte, providenciar alojamento e alimentação aos brasileiros evacuados, bem como quaisquer outras despesas de natureza humanitária que se façam necessárias.
O ministro pediu que os ministérios da Defesa e da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) organizem o voo de repatriação numa aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). Essa operação poderá incluir cidadãos de outros países da América Latina.
As brasileiras Kedma, Laryssa e Gabriela, jogadoras de futebol na Ucrânia, estão em um hotel em Kryvyi Rih, no sudeste da Ucrânia. Com a luz apagada por causa do toque de recolher, elas torcem para que as novas orientações sejam efetivas.
"A gente faz novamente um apelo aos governantes do Brasil, à embaixada que realmente dê um suporte com segurança para a gente sair daqui porque também a gente não pode sair sem saber como que vai ser na rua, com três mulheres. Então, a gente pede ajuda do governo e que eles possam tirar nós três e os demais brasileiros que ainda restam aqui na Ucrânia", afirmou uma delas em um vídeo gravado no escuro devido à necessidade de deixar as luzes apagadas.
g1
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