Novembro 27, 2024

Bolsonaro elogia ditadores Médici e Stroessner em cerimônia de posse do novo diretor de Itaipu Featured

O presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiou nesta terça-feira os ditadores Emílio Garrastazu Médici e Alfredo Stroessner, ex-presidentes do Brasil e do Paraguai, respectivamente, durante a cerimônia de posse do novo diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Anatalício Risden Júnior.

Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que os anos 1970, durante a ditadura militar no Brasil, “geraram grandes personalidades”. Segundo ele, os ditadores foram “homens de visão”. Os dois militares governavam Brasil e Paraguai em 1973, quando foi assinado o tratado que viabilizou a construção da usina hidrelétrica.

“Itaipu, Emílio Garrastazu Médici juntamente com Alfredo Stroessner. A história não pode ser mudada, é uma realidade. Homens de visão, homens de futuro, que nos geraram, no caso aqui, Itaipu Binacional”, disse Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército e saudosista do regime militar.

No mesmo discurso, Bolsonaro elogiou outro ex-ditador do Brasil, o general Ernesto Geisel, que sucedeu Médici na Presidência da República.

“Por vezes a gente fica pensando o que seria do Brasil sem as obras dos anos 70. Aqui, Itaipu Binacional. Volvendo meus olhos para a pequena grande mulher Tereza Cristina [ministra da Agricultura], Alysson Paulinelli. Também os anos 70 geraram grandes personalidades. O nosso agronegócio hoje em dia é algo fantástico graças a esse homem que foi descoberto por nada mais nada menos que nosso prezado Ernesto Geisel”, afirmou Bolsonaro.

O general Médici governou o Brasil entre 1969 e 1974, considerado um dos períodos mais duros da ditadura no país, com registros de torturas, desaparecimentos e mortes de opositores da ditadura.

Stroessner governou o Paraguai entre 1954 e 1989. Ele morreu exilado em Brasília, aos 93 anos, em 2006. Em 1992, cerca de 700 mil documentos das forças de segurança do Paraguai foram tornados públicos.

Os documentos mostravam que o regime de Stroessner rotineiramente perseguia, sequestrava e torturava. O ditador foi acusado de mandar matar 423 opositores do regime ditatorial e torturar quase 19 mil pessoas. Também foi acusado de casos de pedofilia, durante os 35 anos que ficou no poder.

Empreiteiras
Bolsonaro também citou no discurso a empreiteira Andrade Gutierrez, que participou da construção de Itaipu. O presidente não mencionou a Operação Lava Jato, mas disse que espera que as "grandes" empreiteiras brasileiras "brevemente" estejam recuperadas.

"E esse consórcio [de Itaipu] no passado, ele foi liderado pela nossa Andrade Gutierrez. Empresas fantásticas, que a gente espera que brevemente todas as nossas grandes empreiteiras estejam recuperadas e trabalhando pelo nosso Brasil", disse.

A Andrade Gutierrez foi uma das empreiteiras cujos executivos firmaram acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. A operação revelou que empresas pagavam propina a políticos em troca de contratos de obras financiadas com recursos públicos.

Revisão dos termos financeiros
O ministro do Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou na solenidade que a revisão dos termos financeiros do tratado que viabilizou a construção de Itaipu será feita em 2023 “em contexto positivo”. Ele afirmou que o governo se prepara para essa revisão e citou a busca por uma “solução mutuamente favorável” para Brasil e Paraguai.

A revisão já está prevista para o próximo ano, quando o tratado de Itaipu completará 50 anos. O anexo C do acordo, firmado em 1973, prevê a revisão dos termos financeiros diante o pagamento das dívidas relativas à construção da hidrelétrica.

“Essa revisão será realizada em contexto positivo, graças ao êxito de esforços envidados ao longo de meio século para garantir a quitação das dívidas relativas à construção do empreendimento dentro do prazo originalmente planejado pelos seus idealizadores”, disse o ministro.

Em 2019, a compra de energia da usina gerou uma crise que quase levou ao impeachment do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. Naquele ano, os governos brasileiro e paraguaio assinaram uma ata que, na prática, faria o Paraguai pagar mais caro pela energia de Itaipu. A crise provocada pela divulgação do negócio fez com que os dos países voltassem atrás.

g1
Portal Santo André em Foco

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