Novembro 23, 2024

Site distorce dados e notícia sobre despesas de cartão corporativo de Bolsonaro Featured

Texto publicado em um site e compartilhado em diversos posts no Facebook distorce dados públicos e uma notícia publicada sobre as despesas de cartão corporativo de Jair Bolsonaro nos primeiros sete meses de governo. O texto distorcido omite que o valor dos gastos também inclui os de outros órgãos da administração federal, induzindo o leitor a acreditar que toda a despesa veio apenas do presidente e da primeira-dama, Michelle.

Consulta ao Portal da Transparência aponta que, entre janeiro a junho, dado mais recente disponível na plataforma, a rubrica da Presidência da República gastou R$ 6,2 milhões com o Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF) — valor que engloba despesas do Gabinete da Vice-Presidência, da Empresa Brasileira de Comunicação, do Fundo de Imprensa Nacional, do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e, claro, da Presidência.

Entre as despesas próprias da Presidência estão incluídas as da Agência Brasileira de Inteligência (R$ 2,097 milhões), do Gabinete de Segurança Institucional (R$ 534 mil) e da Secretaria de Administração (R$ 3,2 milhões), responsável por administrar os gastos diretos do presidente e de outros servidores, bens e serviços do Planalto.

Uma informação difundida pelo site é verdadeira: parte dos gastos do gover no com o cartão corporativo está sob sigilo. Um exemplo é o gasto de R$ 3,1 milhões da Secretaria de Administração — a despesa mais alta do órgão até junho. O argumento do Planalto é que a divulgação dos dados poderia colocar em risco a segurança do presidente.

O texto publicado pelo site traz trechos parciais e sem contexto de reportagem do jornalista Lúcio Vaz, do jornal Gazeta do Povo. Diversos posts sobre o texto descontextualizado passaram a ser reproduzidos no Facebook, distorcendo os dados apresentados pelo repórter e induzindo leitores ao erro.

O CPGF, o cartão corporativo do governo, é um meio de pagamento do Planalto semelhante ao cartão de crédito e voltado para despesas que exijam pronto pagamento, como em casos de viagens e serviços especiais.

Em março, o ‘Estado’ revelou que os gastos com cartão corporativo subiram 16% na gestão Bolsonaro em relação à média dos últimos quatro anos. A extinção do CPGF havia sido defendida pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) durante a transição de governo, no fim de 2018.

Estadão
Portal Santo André em Foco

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