No Amapá, o presidente Jair Bolsonaro (PL) subiu o tom nesta sexta-feira (14/1) ao voltar a acusar, sem provas, fraude nas eleições presidenciais de 2018. A declaração ocorreu durante um evento da implementação da Infovia 00, um dos marcos do Programa Norte Conectado.
Bolsonaro retomou viagens pelo país em meio ao ano de disputa eleitoral e no momento no qual pesquisas o mostram com a rejeição recorde. Em um discurso de tom de campanha, o chefe do Executivo disse ser bem recebido nos 'quatro cantos do Brasil' e alegou que seu governo não tem corrupção.
"O político consegue entender se ele está ou não no caminho certo a partir do momento que ele realmente vai para o meio de vocês. Não tem preço o carinho, o calor e a consideração de vocês para com nosso governo. Graças a Deus, isso acontece nos quatro cantos do nosso Brasil. Podem dizer que eu sou grosso, que eu não tenho muita educação, que eu falo demais, falem o que bem entender. Mas no nosso governo tem realização e não tem corrupção. É um governo que fala com orgulho, que acredita em Deus, que respeita seus militares, que defende a família brasileira e que deve lealdade ao seu povo."
Bolsonaro falou em 'solidão profunda' ao ocupar a cadeira presidencial, mas apontou que o que o conforta é o apoio da população. Ele também lembrou a facada recebida em 2018 em Juiz de Fora, disse que a mesma foi desferida por um 'integrante do PSol' e que, quando tomou posse, o Brasil estava à beira do socialismo. O presidente também alegou que deveria ter vencido as eleições presidenciais de 2018 no primeiro turno.
"Pouca coisa conforta o presidente. Lá existe uma solidão profunda, mas, quando a gente vai para o meio de vocês, há uma explosão de alegria. Estávamos à beira do socialismo, um país mergulhado em corrupção. Um país parecendo que não tinha um norte. Quis Deus que, sobrevivendo a uma facada de um integrante do PSol, também conseguisse com partido pequeno, sem marqueteiro e sem televisão, ganhar eleições. E que era para ter ganho no primeiro turno se fossem eleições limpas no primeiro".
Em julho do ano passado, Bolsonaro promoveu uma live na qual prometeu apresentar as provas de que as eleições de 2018 foram fraudadas. Contudo, durante o evento, ele comentou que "não tinha como se comprovar".
O chefe do Executivo defende o voto impresso e aproveitou o apoio do Centrão e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), esticando a corda para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 135/2019, que instituía a mudança no processo eleitoral, fosse votada pelo Congresso. Depois de intensa articulação, movimentos ativistas que pediam a rejeição da PEC, o plenário reprovou o texto em 10 de agosto.
Já em outubro, o presidente falou na presenças das Forças Armadas durante a apuração e disse que "não vai ter sacanagem nas eleições".
"O ano que vem tem eleições, vamos renovar, prestigiar quem fez um bom trabalho e renovar. Pode ter certeza que não vai ter sacanagem nas eleições. Convidaram as Forças Armadas, nós aceitamos e vamos participar de todo o processo eleitoral. Vamos acabar com a suspeição", apontou na data.
Medidas de isolamento
Também hoje, Bolsonaro repetiu que em seu governo, 'todos ganham' e voltou a tecer críticas a governadores por medidas adotadas na pandemia.
"Hoje, todos ganham com nosso governo. Vivemos momentos difíceis. Reconheço isso. O mundo todo vem atravessando dificuldades com o pós-pandemia, com a velha política da demagogia, e também com algo que não deu certo durante a pandemia: 'fique em casa que a economia a gente vê depois, fica em casa para morrer de fome!'. Aos poucos, cada tese defendida por mim no passado vai se consolidando. Não podemos nos amedrontar, nos apavorar. Desafios sempre tivemos", continuou.
Ainda no evento, o presidente lamentou os mais de 621 mil brasileiros mortos pela covid-19, mas disse que 'temos que viver'. "Esse outro estamos vencendo, mas vocês contam com um presidente que não esteve do lado do politicamente correto. Esteve do lado de vocês. Eu particularmente tinha tudo para ficar em casa no Palácio da Alvorada com todas as mordomias que possam imaginar, e ficar afastado de vocês enquanto vocês enfrentavam a pandemia. Estive no meio de vocês. Senti o problema de cada um. Não me amedrontei, não me acovardei diante dos ataques da grande mídia. Lamentamos as 600 mil mortes, mas nós temos que viver, nós temos que sobreviver e temos que vencer".
Por fim, se disse "cada vez mais apaixonado pelo Amapá" e agradeceu a Deus 'pela missão de estar à frente do Executivo Federal'. "Dizer a vocês: Ele me botou lá e somente Ele me tira de lá". "Vocês têm, em Brasília, um soldado ao lado de vocês".
Estiveram presentes na cerimônia o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos; o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), general Augusto Heleno; o prefeito de Macapá (AP), Dr. Furlan; o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Geraldo Melo; e o senador Lucas Barreto (PSD-AP).
CB
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