O presidente Jair Bolsonaro disse, na manhã desta quarta-feira, que não está preocupado com acusações de que cometeu quebra de decoro ao falar sobre a morte durante a ditadura militar de Fernando Santa Cruz , pai de Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O presidente contrariou documentos oficiais ao negar que o ex-militante tenha sido assassinado pelo regime.
- Não tem quebra de decoro. Quem age dessa maneira (acusando de quebra de decoro), perde argumento - disse o presidente, que segue para cerimônia de Assinatura do Contrato de Concessão da Ferrovia Norte-Sul, em Anápolis (GO).
Na sequência de sua defesa, ele fez mais críticas à Comissão Nacional da Verdade , instalada no governo Dilma Rousseff para investigar violações aos direitos humanos na ditadura.
- Lamentamos muita coisa, mas não pode valer um lado só da história. E como eu sempre disse, alguém acredita que o PT está preocupado com a verdade? Quando aquelas caras criaram a Comissão da Verdade eles, deram gargalhadas. Vocês da imprensa sabem o que é informação, contra-informação e contra contra-informação. É muito simples - comentou.
Na última segunda-feira, ao comentar a atuação da OAB no caso de sua facada, Bolsonaro disse que poderia explicar ao presidente da entidade como o pai dele, preso e morto por agentes do Estado brasileiro, segundo a Comissão Nacional da Verdade, sumiu durante a ditadura. Nesta terça-feira, ele acrescentou que documentos sobre mortes no período são uma "balela".
Disposto a 'visitar Adélio'
Ao falar sobre o caso nesta quarta-feira, Bolsonaro disse ainda que está disposto a visitar Adélio Bispo de Oliveira , caso o autor da facada que levou em Juiz de Fora (MG), durante a campanha, esteja "disposto a falar o que aconteceu".
Em 16 de julho, a Justiça determinou a internação, por tempo indeterminado, de Adélio , depois de o caso ter transitado em julgado. Para Bolsonaro, no entanto, a investigação não foi concluída.
- Eu estou me dispondo, se ele quiser conversar comigo, eu vou conversar com ele - disse Bolsonaro, sobre o autor.
Bolsonaro completou que só faria a visita no caso de receber uma sinalização de que Adélio está disposto a falar algo sobre "o que aconteceu". Para Bolsonaro, há mandantes da facada que levou e Adélio pode ser vítima, no futuro, de uma "queima de arquivo".
- Adélio está agora condenadona prisão perpétua (ao ficar num manicômio). A defesa que, na verdade é defesa dos mandantes, e não do Adélio fez essa opção de passar por maluco. Ele agora vai para o manicômio, prisão perpétua. Ele tem a chance de falar agora. Eu estou me dispondo a ele, se ele quiser conversar comigo, abrir o jogo, eu vou conversar com ele, com familiar dele. Com advogado, eu não converso.
E fez relação com a morte do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT), em 2002.
- O destino dele poderá o mesmo do Celso Daniel. Queima de arquivo. Então eu estou dando uma chance a ele, porque ele está condenado. E ele, com toda certeza, tem o que falar. Alguém acredita que ele está maluco? Se estivesse maluco, estava esfaqueando todo mundo, não só eu.
O Globo
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.