Os advogados de Walter Delgatti Neto, suposto hacker acusado de invadir celulares de autoridades, divulgaram nota neste domingo informando que ele deixou cópias das conversas com outras pessoas dentro e fora do país. “Para todos os fins, registra, por pertinente, que o conjunto das informações está devidamente resguardado por fiéis depositários, nacionais e internacionais", diz a nota dos advogados Luis Gustavo Delgado Barros e Fabrício Martins Chaves Lucas.
A Polícia Federal considera que ainda falta esclarecer pontos essenciais antes de concluir as investigações sobre o hackeamento de aplicativos de celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, do procurador Deltan Dallagnol e outras autoridades. Para a polícia, Delgatti pode não ter dito toda a verdade.
A polícia suspeita, por exemplo, que o suposto hacker mentiu ao dizer que não invadiu o telefone do ministro da Economia Paulo Guedes e outras autoridades do governo federal. Quando foi preso, o celular de Delgatti estava aberto no Telegram de Guedes. Ele disse também que acessou o Telegram de Lula, mas o ex-presidente estava preso na época, sem acesso a celular.
A polícia fará, a partir de agora, um raio-X sobre as movimentações financeiras e as relações pessoais de Delgatti. Os investigadores vão fazer um levantamento sobre todas as pessoas com quem o suposto hacker manteve algum tipo de contato.
Em outra frente, perícias sobre celulares e laptops apreendidos na Operação Spoofing deverão esclarecer, de uma vez por todas, a dimensão do hackeamento. No primeiro depoimento, Delgatti assumiu responsabilidade sobre invasões de aplicativos entre março e maio. As invasões estariam na casa das dezenas. Mas no material apreendido perícia identificou indícios de hackeamento de aproximadamente mil telefones. Alguns deles, ocorridos depois de maio.
Nesse primeiro momento, a polícia traçou um perfil psicológico de Delgatti, numa tentativa de entender melhor o caso. Para a PF, ele seria um típico estelionatário, que gostar de contar vantagem sobre os próprios crimes. Mas ao contrário de outros da mesma categoria, não conta tudo o que fez.
Segundo amigos, Delgatti nunca teve emprego fixo e viveu uma infância conturbada, além de tomar remédios contra depressão. Ele chegou a ser acusado de estupro pela cunhada, em 2015, após filmar uma relação sexual com ela. Num segundo depoimento, a mulher retirou a acusação de estupro.
A PF não dá previsões sobre quanto tempo ainda devem durar as investigações. Os trabalhos estão sendo conduzido pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, que ficou conhecido por conduzir o inquérito do mensalão. Antes disso, ele já tinha desvendado um super esquema de fraudes no INSS do Rio de Janeiro.
O Globo
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