Documentos do governo federal mostram que uma carta da Pfizer na qual a empresa cobrou resposta sobre a oferta de vacinas contra a Covid-19 chegou ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro em setembro de 2020.
Os documentos foram obtidos pelo site O Antagonista por meio da Lei de Acesso à Informação. O G1 também teve acesso os ofícios.
Na carta, o presidente da Pfizer, Albert Bourla, informa a Bolsonaro que representantes da farmacêutica haviam se reunido com representantes do governo para discutir a compra de vacinas, mas que a empresa ainda não havia obtido resposta.
A existência dessa carta foi revelada em 12 de maio por Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência, em depoimento à CPI da Covid. Wajngarten disse que soube da carta em 9 de novembro, o que demonstraria que a empresa ficou sem resposta por dois meses.
O contrato entre o governo federal e a Pfizer foi assinado em março de 2021, seis meses após a carta da empresa ter sido enviada a Bolsonaro.
Também em depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse que informou Bolsonaro "o tempo todo" sobre as negociações com a Pfizer. E que o governo não aceitou as ofertas da farmacêutica em 2020 porque considerou caro o preço das doses em relação a outros laboratórios.
Recebimento da carta
Conforme os documentos disponibilizados pela Presidência, a chefe do Gabinete Adjunto de Gestão Interna, Aida Íris de Oliveira, acusou recebimento da carta da Pfizer. A área comandada por Aida integra o gabinete pessoal do presidente da República.
De acordo com os registros internos, disponibilizados por meio da Lei de Acesso, a carta assinada pelo presidente mundial da Pfizer, Albert Bourla, foi enviada ao Palácio do Planalto em 12 de setembro de 2020.
Dois dias depois, Aida Oliveira acusou o recebimento do documento e, por meio de ofício enviado à Pfizer, informou que encaminharia o ofício ao Ministério da Saúde e à Casa Civil.
Rota da carta
Após acusar o recebimento da carta, Aida Íris de Oliveira encaminhou o documento aos chefes de gabinete dos então ministros da Casa Civil, Braga Netto, e da Saúde, Eduardo Pazuello. O presidente da Pfizer foi comunicado do encaminhamento.
Na Casa Civil, o documento foi encaminhado para Secretaria-Executiva, Subchefia Adjunta de Política Econômica, Subchefia de Articulação e Monitoramento do órgão.
Em 9 de outubro, um assessor da Secretaria-Executiva pediu o arquivamento do caso por entender que o assunto competia ao Ministério da Saúde.
No entanto, esse mesmo assessor escreveu que cabia à Casa Civil "monitorar e acompanhar as negociações" entre o Ministério da Saúde e a Pfizer pela vacina.
CPI
De acordo com o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a comissão parlamentar de inquérito levantou 53 emails enviados pela Pfizer ao governo brasileiro com oferta de vacinas.
G1
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