O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou ontem a agenda de compromissos em Brasília fazendo um balanço positivo dos contatos que fez. Durante os cinco dias de encontros com parlamentares, políticos e embaixadores, o petista deu os primeiros passos para tentar a construção de uma aliança entre a esquerda e o centro para as eleições de 2022, com o objetivo principal de impedir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
“Para mim, pessoalmente, e para o PT, é importante a gente restabelecer as conversações com as forças políticas do país. Fazia tempo que eu não tinha reuniões com partidos políticos. Conversei com vários, e o assunto principal foi a vacina, que possa chegar com urgência para todo mundo”, disse, ao lado da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), classificando a peregrinação como “um sucesso”.
Entre os encontros mais relevantes, Lula esteve com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara, e com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. A ambos, propôs uma união para fortalecer a oposição a Bolsonaro nos estados, em especial no Rio de Janeiro, onde o presidente da República tem reduto eleitoral. Segundo o petista, seu partido concordaria em não concorrer em algumas unidades da Federação para que esquerda e centro derrotassem candidatos bolsonaristas.
O ex-presidente também esteve com um dos seus antecessores, o ex-presidente José Sarney — um dos caciques do MDB e ainda um personagem político de peso. Mas evitou classificar a passagem por Brasília como preparação para as eleições de 2022. Após publicar uma foto de despedida, ontem à tarde, com o Congresso ao fundo, fez um balanço dos compromissos e destacou que o principal objetivo foi a discussão de propostas que possam auxiliar o país a contornar os reflexos da pandemia da covid-19, como o auxílio emergencial a R$ 600, mais vacinas e socorro financeiro a pequenas e médias empresas.
Lula frisou que os encontros dos últimos dias, principalmente com embaixadores, foram importantes para discutir ações contra o “desgoverno” de Bolsonaro. Segundo o ex-presidente, há uma inquietação de diplomatas estrangeiros com a atual política externa. “O nosso governo está se afastando das relações internacionais com todo mundo. Ninguém convoca o Brasil para uma reunião”, ponderou o petista.
E acrescentou: “Todo mundo está preocupado com o desgoverno, o desmatamento, a despreocupação com covid-19, com vacinas, com o cuidado do povo. Foi muito importante essa conversa, porque essas pessoas já conheceram o Brasil em outros governos. O Brasil era um país levado muito a sério, sobretudo quando se discute combate à pobreza, miséria e fome e a questão do meio ambiente, porque ganhou muita respeitabilidade”.
Lula disse estar feliz com a agenda e prometeu novos encontros em Brasília. “A gente precisa voltar a conversar com todo mundo. Com empresários, com sindicatos, com trabalhadores, com partidos políticos, para que a gente possa ter certeza de que nós estamos trabalhando para recuperar a democracia no nosso país e voltarmos a ter um país feliz, onde as pessoas todas possam viver em paz”.
Correio Braziliense
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