Novembro 27, 2024

Em primeira viagem após decisão do STF, Lula deve se encontrar com Sarney e evitar Renan em Brasília Featured

O ex-presidente Lula inicia na segunda-feira o seu primeiro tour político após o Supremo Tribunal Federal (STF) anular suas condenações na Lava-Jato e, com isso, permitir que seja candidato nas próximas eleições. A agenda do petista ainda será fechada durante o fim de semana e a direção do PT tem mantido em sigilo a maior parte dos compromissos, mas devem ocorrer encontros com o ex-presidente José Sarney (MDB), parlamentares e com representantes das embaixadas da Rússia, Reino Unido, Alemanha e Argentina.

Previsto inicialmente, o encontro com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, não deve acontecer. Por parte do senador, a reunião poderia passar a impressão de uma articulação para usar a Comissão Parlamentar de Inquérito para atacar o presidente Jair Bolsonaro, provável adversário de Lula em 2022. Apoiadores do presidente poderiam se valer da conversa para tentar desmoralizar Renan nas redes sociais. Petistas também entendem que o encontro não seria conveniente neste momento.

Lula e Renan mantêm diálogo constante por telefone. Um apoio do emedebista em 2022 é dado como certo. Na eleição de 2018, o senador e seu filho, o governador de Alagoas, Renan Filho, se engajaram na candidatura presidencial de Fernando Haddad (PT), apesar de o MDB ter lançado o ex-ministro Henrique Meirelles na disputa pelo Palácio do Planalto.

Tanto Renan como Sarney apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, mas logo em seguida retomaram a relação com Lula. Durante os anos em que esteve no poder, o petista desenvolveu uma relação de amizade com Sarney, que se aposentou da política. A conversa dos dois na próxima semana deve acontecer dentro desse contexto.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) também terão conversas com o ex-presidente. Freixo articula a sua candidatura ao governo do Rio no ano que vem e quer ter o apoio dos petistas. Contarato negocia a sua transferência para o PT e cogita disputar o governo capixaba no ano que vem. Outro encontro previsto é com Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade.

Lula quer evitar que as suas conversas com políticos sejam vistas como parte das articulações para a construção da sua candidatura a presidente em 2022. O líder petista tem enfatizado que não é hora de falar em eleição e, sim, na necessidade de cobrar do governo Bolsonaro a adoção de medidas para combater a pandemia do novo coronavírus e seus efeitos econômicos.

Sem aglomeração
Uma das preocupações de Lula durante o tour em Brasília será demonstrar que tem preocupação com a pandemia. Por isso, devem ser evitadas reuniões com muitas pessoas e almoços ou jantares. É uma forma de o ex-presidente se diferenciar de Bolsonaro, que rotineiramente aparece em reuniões sem máscara e em ambientes lotados

Lula, de 75 anos, tomou a segunda dose da vacina contra o novo coronavírus no dia 3 de abril. O prazo para imunização é de 14 dias. O ex-presidente havia sido diagnosticado com Covid-19 quando viajou para Cuba no fim do ano passado para participar da gravação de um documentário do cineasta Oliver Stone sobre a esquerda na América Latina. O petista apresentou um quadro leve da doença.

Inicialmente, a ideia dos petistas era que Lula fosse ao Nordeste em sua primeira viagem após se tornar elegível novamente. Na região, ele tem os seus melhores índices de popularidade. O agravamento da pandemia, porém, levou a uma mudança de planos. Sem possibilidade de realizar encontros com apoiadores, foi definida uma viagem voltada para articulações políticas.

Cotado para ser o candidato do PT a presidente em 2022 antes de Lula voltar ao jogo eleitoral, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad viajará junto com o ex-presidente para Brasília. Ele deve participar das agendas com embaixadores e também das conversas com políticos. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também deve estar nos encontros.

No dia 8 de março, o ministro Edson Fachin, do STF, anulou as condenações de Lula na Justiça Federal do Paraná por entender que os seus processos não tinham relação direta com a Petrobras. Na semana seguinte, a Segunda Turma do Supremo atendeu a um habeas corpus da defesa do ex-presidente e considerou que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial em sua atuação no caso do tríplex do Guarujá (SP). A decisão foi ratificada pelo plenário da Corte no dia 22 de abril. Os quatro processos contra Lula serão enviados para o Distrito Federal. O do tríplex começará a tramitar do zero, já que as decisões tomadas por Moro foram consideradas nulas. Os outros são referentes ao sítio de Atibaia (SP) e ao Instituto Lula.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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