Além de um placar expressivo, com 71 votos a mais do que o necessário para sua aprovação, a votação pela Câmara, na semana passada, da reforma da Previdência teve outra peculiaridade: a ausência de grandes manifestações contrárias. Protestos marcaram a votação de mudanças nas aposentadorias nos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
No último dia 9, pesquisa Datafolha mostrou que a reforma deixou de ser rejeitada pela maioria dos brasileiros. A fatia dos que se opõem às mudanças nas aposentadorias e pensões caiu de 51% para 44% entre abril e julho.
Além do apoio popular, a queda de receita dos sindicatos, com o fim do imposto sindical, é apontada por lideranças como uma das causas da baixa mobilização contra a reforma da Previdência enquanto os deputados votavam a proposta do governo Bolsonaro, na semana passada.
O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), dirigente da Força Sindical, disse que foi difícil fazer um protesto contrário em razão da falta de dinheiro. O esvaziamento dos cofres também foi apontado como empecilho por líderes petistas e pessoas ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT). No governo Michel Temer (MDB), o Congresso acabou com a contribuição sindical automática.
Apesar de os protestos terem sido mais tímidos que os do passado, os sindicatos marcaram presença. Na quarta-feira, um pequeno grupo se manifestou diante de uma das entradas da Câmara. As portas foram fechadas e houve um princípio de confusão. No plenário, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) protestou contra o fechamento do acesso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), respondeu:
— Cabe à Câmara, respeitando cada cidadão, cumprir a determinação de não deixar a Casa ser invadida.
Na sexta-feira, um grupo convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) fechou a Esplanada dos Ministérios quando a Câmara já votava os último destaques. Pneus foram queimados em frente ao Congresso.
Durante a semana, a maior pressão veio das corporações. Grupos de policias federais, civis e militares, além de guardas municipais, encheram os corredores da Câmara.
O Globo
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